“O município de Aparecida de Goiânia foi escolhido graças ao trabalho de vocês – e estamos aqui pessoalmente para agradecer por esse bom exemplo”, disse na última quarta-feira (21/10) a diretora-adjunta do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV), Adele Benzaken, a dezenas de servidores municipais de Saúde, reunidos para o lançamento nacional do Caderno de Boas Práticas sobre o Uso da Penicilina na Atenção Básica para a Prevenção da Sífilis Congênita no Brasil do Ministério da Saúde
O evento foi realizado na Unidade Integrada Sesi Senai Aparecida de Goiânia e contou também com a presença de uma delegação do DDAHV e do prefeito da cidade, Maguito Vilela (PMDB). A cerimônia ocorreu ainda em celebração ao Dia Nacional de Combate à Sífilis, que deve ser celebrado no terceiro sábado de outubro, conforme lei em tramitação no Congresso Nacional.
“Temos aqui recursos humanos maravilhosos, e é preciso disseminar esses fatos positivos da Saúde nacional”, disse Verônica Barbosa, jornalista responsável por texto e fotos da publicação. A jornalista viajou pelo país em busca das boas práticas no combate à sífilis levadas adiante por Aparecida de Goiânia e outros três municípios brasileiros – Vitória da Conquista/BA, São Paulo/SP e Londrina/PR – que foram bem-sucedidos em um desafio comum a todos: reduzir a sífilis congênita (transmitida de mãe para filho) para níveis mais próximos da meta de 0,5 casos por mil nascidos vivos, estabelecida pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Em 2010, a média brasileira era de 3,78 casos a cada mil nascimentos – e, em 2013, subiu para 4,7 casos a cada mil nascidos vivos. O agravamento da epidemia da sífilis resulta de uma série de fatores complexos que interagem entre si e interferem na cadeia de transmissão – como o sexo desprotegido, a multiplicidade de parceiros e a ocorrência cada vez mais precoce da gravidez entre as adolescentes brasileiras, para citar alguns. Além disso, antes a doença não era de notificação obrigatória e o Brasil passou a fazer um esforço gigantesco de testagem para cobrir essa lacuna.
Felizmente, o tratamento da sífilis em gestantes é relativamente simples e a prevenção de sua transmissão para o recém-nascido é 100% eficaz mediante a administração de penicilina benzatina – único medicamento capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o feto.
Fatos positivos
Nesse cenário epidemiológico, o Caderno de Boas Práticas de Sífilis atesta que há, sim, o que comemorar.
Um dos fatores a elegerem Aparecida de Goiânia a lugar de destaque no cenário nacional de luta pela erradicação da sífilis foi o rigoroso trabalho de capacitação e conscientização realizado com os profissionais de saúde municipais – assim evitando, entre eles, a notória resistência em aplicar a penicilina, o que ameaça o tratamento da sífilis no Brasil. A cidade também se destacou pela eficiente coordenação entre todos os diferentes atores envolvidos no processo; e pela sensibilização dos profissionais de saúde quanto à necessária celeridade no tratamento do agravo.
Além disso, os profissionais são orientados a detectar se as gestantes que chegam a eles apresentam fatores de vulnerabilidade: se são pessoas que usam drogas ou em situação de rua, por exemplo.
O município
Segundo maior município do estado de Goiás, Aparecida de Goiânia tem 511.323 habitantes (IBGE/2014) e, naquele mesmo ano, apresentava uma taxa de incidência de sífilis congênita equivalente a 1,69 casos por mil nascidos vivos. A cidade – que abriga uma das maiores taxas de crescimento populacional do país – enfrenta diversos desafios quanto às políticas locais de saúde. Entre esses desafios há a baixa ou tardia adesão ao pré-natal.
Segundo o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, um dos vice-presidentes da Frente de Prefeitos do Brasil, é um orgulho para a cidade sua escolha para o caderno de Boas Práticas. Em sua atuação na frente, o prefeito defende que boas práticas, administrativas ou técnicas, devem ser difundidas entre os gestores municipais.
Mais informações: