Foto: Fernanda Aguiar/Arquivo Pessoal Miguel com os dois pés enfaixados |
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga as circunstâncias em que um bebê de 1 ano sofreu queimaduras de segundo grau nos dois pés dentro do Hospital Brasília, no Lago Sul. Segundo a mãe, a publicitária Fernanda Aguiar, de 34 anos, o incidente aconteceu quando Miguel era transferido da UTI para o quarto, após 18 dias de internação por causa de uma otite. O menino foi levado em pé em um berço junto com uma garrafa térmica, que vazou água quente. O líquido atingiu o menino. A unidade de saúde instalou comitê interno para apurar os fatos.
A mãe afirma que uma série de erros aconteceu nos dias em que Miguel esteve internado, desde alimentação errada até má prestação de serviços. "Ele tem alergia à proteína do leite e era sempre oferecido mingau, por exemplo. Eu trazia a mamadeira de casa e não deixavam a gente esterilizar lá. Pedia todos os dias um raio X e nada era feito. Mais tarde, fomos descobrir que ele estava com pneumonia e que a otite tinha se agravado. Só não transferimos ele de lá porque não havia outras vagas."
O garoto foi levado para o quarto na última quinta-feira (22). Ele tomaria os últimos antibióticos e seria liberado para tratamento em casa, na véspera da festa de aniversário do 1 ano. Fernanda e o marido, deixaram o garoto aos cuidados da avó materna para poder limpar a casa.
"A medicação foi feita e tudo estava correndo como previsto. Às 23h17, a minha mãe me liga, desesperada ao telefone com o nosso menino aos berros, informando que Miguel estava com os pés queimados. Eu fiquei desesperada, só pensava coisas ruins. Quando cheguei até o hospital e vi o jeito que as queimaduras estavam, entrei em choque. Ele estava desfalecido, todo molinho e suado de tanto chorar", conta Fernanda.
Segundo a publicitária, o transporte do paciente dentro do berço é um procedimento do Hospital de Brasília. A medida ocorre porque carregar a criança no colo pode colocá-la em risco de queda. A mãe diz que Miguel foi transportado em pé, com todos os objetos pessoais – mala, sacola de brinquedos e caixa de fraldas – e a garrafa térmica.
"O berço virou um caminhão de mudanças. As coisas dele estavam há 14 dias no chão, porque não havia lugar para colocar. A garrafa térmica, que era o único jeito de esterilizar as mamadeiras, estava fervendo. Ela foi trazida da copa por uma funcionária. A enfermeira responsável pela UTI Pediátrica autorizou e acompanhou a transferência nessas condições. Foi uma sessão de terror, erros primários que ocasionaram em queimaduras de 2° grau."
Após o episódio, um cirurgião plástico conversou com os pais e fez curativos. Porém, segundo Fernanda, o Hospital Brasília não se pronunciou e nem pediu desculpas pelo erro. Ela registrou um boletim de ocorrência e pretende entrar na Justiça contra a empresa.
"Ele [cirurgião] me disse que as queimaduras não afetaram nenhum tecido, nenhuma articulação e que não irá comprometer os movimentos dele. Eu só queria um pedido de desculpas, um telegrama. Eles não entraram em contato comigo para nada", lamentou.
Por nota, o Hospital de Brasília informou ao G1 que está prestando todo o atendimento para tornar a recuperação de Miguel mais breve possível. Segundo a empresa, a criança está sendo acompanhada por equipe de cirurgia plástica e permanecerá com estes cuidados até recuperação total.
"Sobre o episódio ocorrido no dia 22 de outubro nas dependências do Hospital Brasília, informamos que a criança estava internada para tratamento de uma síndrome infecciosa. No dia da alta da UTI para o apartamento ocorreu um incidente, e desde então o hospital está prestando todo o atendimento. O Hospital Brasília informa que instaurou um comitê interno para apuração dos fatos."
A mãe de Miguel diz que a única coisa que resta é rezar para que o filho se recupere rapidamente e possa voltar a andar normalmente, sem problemas físicos. Segundo ela, mantê-lo tranquilo tem sido uma missão difícil. Ela diz que a criança está assustada, com medo até de pessoas conhecidas e extremamente sensível.
"Meu filho está de volta em casa, mas em condições que jamais pensei trazê-lo de um hospital, ainda mais sendo particular e renomado. Olho para ele e não consigo não pensar na dor que sentiu. Fico imaginando como seria bom tê-lo de volta andando e brincando. Tenho fé que suas feridas vão curar e que Deus vai derramar suas bênçãos para que ele não fique com nenhuma cicatriz nem sequela.”
G1
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