Não conseguir mais ter relações sexuais é uma das preocupações dos homens que se submeteram a prostatectomia radical, uma cirurgia indicada para os pacientes que tiveram câncer de próstata e precisaram retirá-la para evitar o avanço da doença
A boa notícia é que, com o tratamento adequado, a vida sexual do paciente pode ser retomada após o procedimento. Valter Javaroni, urologista do Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro, explica que o tratamento oferece desde o uso de medicamentos contínuos, injetáveis , implante de uma prótese peniana, fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e até mesmo a reabilitação peniana com exercícios específicos.
“Quanto mais cedo se inicia a reabilitação sexual, maiores são as chances de recuperação. A variação entre os estados de flacidez e de ereção do órgão masculino é importante para a manutenção da saúde do tecido erétil. Se o paciente fica sem estímulo para a relação sexual, a recuperação se torna mais difícil”, explica Javaroni.
Os medicamentos, no entanto, nem sempre podem ser recomendados. A principal contraindicação é para aqueles que têm algum tipo de complicação cardiológica . Existem, ainda, situações oftalmológicas raras que podem contraindicar o uso dos medicamentos para disfunção sexual, como a retinite pigmentar e a neurite do nervo óptico.
Quando o paciente não responde ou não se adapta a nenhum dos métodos recomendados, a alternativa é o implante de uma prótese peniana. O processo é irreversível e, portanto, deve ser empregado em último caso. A taxa de satisfação com a prótese, porém, atinge mais de 95% dos pacientes.
Isso porque o avanço da técnica cirúrgica vem diminuindo os índices de lesões aos nervos e vasos envolvidos no mecanismo de ereção do pênis, mas, ainda assim, de 70 a 80% dos pacientes submetidos à prostatectomia radical sofrem com algum nível de perda de potência sexual.
Apesar da preocupação dos médicos em preservar a atividade sexual dos pacientes, Javaroni alerta: “Antes de tentar preservar a potência sexual do paciente, o cirurgião deve se preocupar em remover completamente o tumor”.
Na verdade, a prostatectomia pode não ser a única causa da perda da potência sexual. “Comorbidades como diabetes e hipertensão, além do impacto psicológico provocado pelo diagnóstico do câncer e, claro, a própria idade do paciente, também devem ser levados em conta na hora de buscar a recuperação da saúde sexual do homem”, explica Javaroni, que também reforça a importância do acompanhamento médico desde a descoberta do tumor e a confiança no especialista é fundamental para garantir o melhor prognóstico ao paciente.
Gustavo Maia, para o Blog da Saúde