São tantas as denominações para os produtos industrializados que muitas pessoas fazem confusão. Nutricionistas dão orientação adequada e desfazem mitos
O ideal é ter uma alimentação o mais natural possível. No entanto, se precisa fazer uma dieta restritiva e não tem como fugir do alimento industrializado, a recomendação de médicos e nutricionistas é ter orientação adequada para saber escolher o melhor produto entre os diet, light, zero e free (parecido com o zero, vai excluir um componente, seja açúcar, gordura ou sódio). Independentemente do que precisa consumir, é fundamental que procure nos rótulos aqueles produtos que não contenham gorduras trans (em 1º de agosto de 2006, entrou em vigor a norma que obriga os fabricantes a especificarem na embalagem a quantidade de gordura trans contida nos alimentos, que eleva o colesterol ruim/LDL) e diminui o bom/HDL). A medida foi determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por isso, antes de sair comprando, é preciso ler os rótulos mesmos dos alimentos chamados de light, diet, zero e free, e compará-los com o alimento convencional. A nutricionista funcional Junia Bethonico, membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional e com atendimento em nutrição clínica e esportiva há 12 anos, diz que o consumidor precisa criar o hábito de ler o rótulo do alimento, principalmente a tabela nutricional. “O mais importante é saber dos ingredientes, da maior quantidade para a menor. Se um produto tem açúcar, farinha e leite, significa que ele tem mais açúcar e menos leite. É essencial saber a composição e se o produto faz bem à saúde.”
Junia alerta que, muitas vezes, quando um nutriente é tirado de um alimento, é colocado outro. “Portanto, alguns produtos podem não ter açúcar, mas têm gordura. Por isso, acho fundamental alertar a população para nunca se preocupar com a rotulagem de produtos, mas com o conteúdo. Um alimento pode não ter açúcar, mas tem aspartame, que deve ser evitado. Sempre insisto na tecla da qualidade e as pessoas precisam ser cuidadosas com o que consomem. Os rótulos que a indústria alimentícia coloca são para deixar os produtos mais sedutores e muitas vezes as pessoas compram gato por lebre.”
O que é
Diet
Apresenta modificações especiais para se adequar a diferentes dietas ou necessidades metabólicas, como diabetes, hipertensão etc. São os produtos que se destinam a pessoas com algum tipo de doença que as obrigam a controlar ou mesmo suprimir a ingestão de algum nutriente normalmente presente na dieta. Tem que estar declarado e ser facilmente legível a que tipo de dieta o alimento se refere e qual a quantidade desse elemento em sua composição. Pode ser diet em açúcares, sódio, gordura etc. Um produto diet em açúcares pode não ser o mais indicado para perda de peso, uma vez que pode ser mais calórico que os produtos convencionais. É importante, nesse caso, ver quantas calorias a porção daquele alimento vai proporcionar e compará-la com o alimento convencional.
Light
O alimento tem redução mínima de 25% das calorias ou de algum nutriente em relação ao original, como gordura, açúcares ou sódio. Seu consumo é indicado para pessoas que precisam reduzir o teor desses elementos na alimentação. Para quem tem como foco o emagrecimento, é importante se atentar aos rótulos, já que a redução calórica pode ser muito pequena em alguns alimentos. Um bom exemplo são alguns pães light, que, apesar de apresentar um teor reduzido de gorduras, são quase tão calóricos quanto os tradicionais.
Zero
Indica o alimento com restrição ou isenção de algum nutriente em comparação com a versão tradicional. Para existir a alegação de, por exemplo, “zero açúcar”, o produto pode apresentar no máximo 0,5 gramas de açúcar em 100 gramas do alimento pronto para o consumo. Os produtos sem adição de açúcar (sacarose) podem conter açúcares normalmente presentes nos outros ingredientes, como a lactose (presente no leite), a frutose (presente nas frutas) e outros mono e dissacarídeos presentes naturalmente nos ingredientes utilizados na fabricação do produto. Para cada nutriente que se declara zero existe o limite máximo legal definido pela Anvisa/Ministério da Saúde. Para os portadores de deficiências metabólicas (diabéticos, hipertensos, intolerantes a determinado nutriente), é fundamental o acompanhamento de um médico ou nutricionista
Equilíbrio
Para a nutricionista, a educação nutricional deveria ser ensinada desde a infância, em casa e nas escolas. Ela lembra que as pessoas que tentam “equilibrar” o famoso lanche coxinha mais refrigerante zero estão desinformadas e mostram falta de conhecimento. “As pessoas não devem consumir refrigerante. A ideia de escolher entre o comum e o light é como se estivesse optando entre o crack e a cocaína. A escolha certa é um suco de maracujá, uma limonada e assim trabalhar o paladar.” Aliás, Junia ensina que todos poderiam incluir o limão na alimentação, já que “ele é alcalino e ajuda a alcalinizar o nosso sangue, e tudo que é nocivo não sobrevive num corpo alcalino (pH)”.
Representante autorizada do teste de intolerância Food Detective em Minas Gerais, Junia alerta que as pessoas precisam se interessar pela melhoria da saúde, e o ideal é ter a orientação de um profissional. “É preciso atenção, porque há pessoas com alergia a níquel, por exemplo, e não podem consumir nada que é integral. E há aquelas que são alérgicas a brócolis. Portanto, há alimentos que curam e adoecem.”
Junia enfatiza que o brasileiro está se alimentando mal. A saudável combinação arroz com feijão some cada vez mais da mesa, e “as pessoas estão entrando no caminho dos americanos. O Brasil está virando um país de obesos e pessoas com sobrepeso. Para reverter o quadro, um dos passos é colocar na rotina a ida ao sacolão e ao hortifrúti. Coma comida de verdade, e não a industrializada”.
Foto: Reprodução
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Estado de Minas