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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vencendo o medo de dentista

Tecnologia e técnicas variadas auxiliam a perder o temor frente ao avental branco


Não é difícil para um dentista identificar pacientes com medo: o corpo fala.

Aquele que senta, cruza os pés, segura os braços da cadeira, tensiona os ombros e fecha os olhos quando abre a boca está dando todos os sinais de que não gostaria de estar ali.

Aprender a identificá-los é tão importante que virou matéria dada em sala de aula. “Na universidade os professores mencionam essas características, assim você já sabe como começar com o paciente: tentando deixá-lo tranqüilo”, afirma a dentista Erika Abreu Amaral.

De acordo com dados da Sociedade Americana de Odontologia três em cada 10 adultos têm medo de ir ao dentista. Não existe levantamento semelhante no País, mas Newton Miranda Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), acredita que os números devem ser semelhantes ou até maiores. “Aqui ainda temos o problema da falta de informação”, diz.

O receio de visitar o consultório preocupa especialistas, porque pode afastar uma pessoa com problemas bucais do tratamento correto e agravar ainda mais a situação. “Um homem veio me procurar com o rosto deformado de tão inchado, por conta de um dente quebrado”, conta Amaral.

Relatos como esse não são incomuns. “Eu tratava um veterano de guerra, que não conseguia sentar na cadeira sem tomar alguma droga”, descreve Carvalho. Pacientes que chegam a esse extremo são chamados odontofóbicos, ou seja, desenvolveram um medo exacerbado de ir ao dentista. Para esses casos, a recomendação é terapia.

O tratamento psicológico é indicado quando o medo acarreta muito sofrimento, quando a pessoa recusa tratamento por causa desse medo e quando sofre só de pensar que terá de enfrentar os procedimentos e não consegue superar sozinha seu sofrimento.

“Não é possível determinar quanto tempo uma pessoa vai precisar de tratamento, mas tende a ser uma terapia focada e breve, de curta duração. Em poucas sessões o paciente aprende que não corre perigo e que a dor imaginária ou real é suportável. Aprende a controlar a ansiedade”, diz a psicóloga Márcia Copetti, do Rio Grande do Sul.

Mas quando a sensação está mais para aquele suor frio, uma certa ansiedade, e não chega a ser impeditivo de consulta, tecnologia e técnica podem ajudar a melhorar a relação entre o dentista e o paciente.

Acupuntura e massagem
O medo reforça a sensação subjetiva de dor: quem já chega ao consultório nervoso está predisposto a passar por um tratamento mais doloroso. “Tive uma paciente que, ao sentar na cadeira, começou a ter palpitações. Outra começou a chorar. Muitas vezes é ansiedade da dor, o medo de senti-la”, acredita Erika. Para lidar com quem precisa de uma ajuda extra para encarar o tratamento, ela faz uso da acupuntura.

“Não é para anestesiar, só para acalmar. Faço com imãs, assim não há nem o receio das agulhas.” E os resultados dessa terapia prévia se mostraram satisfatórios desde o momento da anestesia. “Dificilmente esse paciente vai precisar de mais de uma aplicação, a injeção funciona melhor”, afirma.

Enquanto Rodrigo Bueno de Moraes, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Periodontologia, prepara os instrumentos que serão utilizados na consulta, o paciente é massageado. Na cadeira, há uma esteira vibratória que pode ser regulada por controle remoto.

“Só começo o tratamento depois que a pessoa está tranqüila. Sigo a abordagem da confiança, compreensão e conversa, isso já faz com que a pessoa fique relaxada”, assegura.

Show, música e gás hilariante
Para driblar o medo durante a consulta vale utilizar as mais diversas técnicas, de óculos 3D a óxido nitroso. Fones de ouvido com abafadores de ruído externo, para que o barulho dos instrumentos não perturbe o paciente, já foram ultrapassados por telas de LCD plugadas próximas à cadeira ou óculos 3D que transmitem o filme ou o show escolhido pelo paciente.

“Quando eu vejo a consulta já acabou”, diz Ariane Tavares. Nestes casos, os óculos funcionam distraindo o paciente, a atenção, antes voltada para o tratamento, passa a ter outro foco.

Mas se nem tecnologia resolve, é possível pedir a sedação consciente, feita com óxido nitroso, mais conhecido como gás hilariante. Muito utilizado no passado, esse método voltou aos consultórios de forma mais segura.

“Existem aparelhos que ministram o gás impedindo a superdosagem”, explica Miranda. Segundo os especialistas ouvidos pelo Delas, o efeito é muito bom, mas pode dificultar a ação do dentista já que a máscara é colocada no nariz, próximo a boca.

“Não há contra-indicações e não fica resíduo metabólico, ou seja, tirou a máscara, em poucos minutos a pessoa não tem mais o óxido no organismo”, afirma.

Hipnose
Outro recurso usado pelos dentista é a hipnose. Aprovada pelo Conselho Federal de Medicina, ela tem benefícios em relação à sedação tradicional. “Com a hipnose, a salivação diminui, a cicatrização melhora, o sangramento diminui e há o aumento de anticorpos no organismo. Isso já foi comprovado por vários estudos”, relata o presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose, Luiz Carlos Motta Lima. A utilização da hipnose deixa o paciente consciente, existe apenas a sugestão de que ali não há dor.

Para que o profissional possa usar o método, no entanto, é preciso ter feito curso especializante em hipnose. Motta Lima também dá algumas dicas para que o procedimento funcione adequadamente. “Tem de fazer uma boa entrevista, tirar as histórias do paciente. É preciso sobrepor uma situação de medo por uma de segurança ", avalia.

Clara Carvalho resolveu testar o método depois de tomar três anestesias para tratar uma cárie profunda. Agora, jura que nunca mais quer ir a outro profissional. "Não senti dor na hora do tratamento, não senti nada. Percebi que ele estava mexendo na minha boca, mas foi só", relata.

Hi-tech
A evolução dos aparelhos usados no tratamento também contribui para que o receio seja deixado do lado de fora do consultório. O laser é uma das grandes apostas nesta área, substituindo o temido “motorzinho”, cujo barulho está muito associado à dor.

“É uma tecnologia que ainda não conquistou todos os consultórios porque é cara. Mas ela já existe. Para tratar cáries pequenas também temos o selante, um material transparente ou branco que, pincelado na superfície do dente, cria uma barreira contra as bactérias”, explica Carvalho.

Até as queixas mais simples estão sendo abolidas com ajuda da tecnologia. A picada da anestesia tem sido substituída por máquinas com agulhas ainda mais finas, tornando a aplicação simples e indolor. Para o presidente da SBO, com todas essas novidades, há muito a odontologia não pode ser mais relacionada à dor. "A fobia é mais de ordem cultural e de desconhecimento da realidade", diz.

Rodrigo Bueno ressalta também que o acompanhamento acompanhamento correto feito de seis em seis meses é capaz de prevenir possíveis problemas bucais e evitar tratamentos que possam envolver algum tipo de dor.

Dicas para se manter tranquilo durante uma consulta:

* Converse com o profissional antes de começar a consulta e fale sobre seu medo

* Se achar melhor, peça para que ele explique os procedimentos antes de começá-los

* Combine sinais para o caso de ter dor ou medo. Por exemplo, se você levantar a mão, ele para
* Tem receio do barulho dos aparelhos? Leve um rádio ou iPod com músicas relaxantes

* Procure sempre um profissional de sua confiança

Fonte IG

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