Competição Nacional de Ciência e Engenharia/Associação Britânica de Ciências
Henry Roth, que fez a descoberta, pretende cursar medicina
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Doença hereditária leva ao aumento do coração, mas
diagnóstico era difícil em atletas; Henry Roth descobriu que há
diferenças na doença para brancos e negros
Um estudante britânico de 18 anos fez uma descoberta
científica que pode ajudar a salvar as vidas de atletas negros
portadores de problemas cardíacos não diagnosticados. Henry Roth provou
que são necessários exames diferentes para detectar a cardiomiopatia
hipertrófica em atletas brancos e negros, algo que atualmente não é
feito.
A cardiomiopatia hipertrófica é um problema hereditário e
causa o aumento do músculo cardíaco, o que aumenta o risco de uma parada
cardíaca repentina. Roth decidiu investigar o problema depois da morte
de um tio dele, de apenas 21 anos, devido ao problema.
O projeto
de pesquisa do estudante surgiu a partir de uma conversa com um
cardiologista do Hospital St. George, em Londres, que fez exames no
coração de Roth para verificar se ele também tinha a doença. Os dois
conversaram sobre como atletas negros tinham um risco maior de ter o
problema.
Sem diagnóstico
A
cardiomiopatia hipertrófica leva ao aumento do músculo cardíaco. Como
exercícios intensos também podem aumentar o músculo cardíaco, muitos
atletas não são diagnosticados. Um exemplo foi o jogador Fabrice Muamba,
do time britânico Bolton, que desmaiou em campo em 2012 devido a uma
parada cardíaca, apesar de ser apontado como um dos jogadores em melhor
forma do clube. Ele ficou muito tempo sendo atendido até que os médicos
conseguiram fazer o coração dele voltar a funcionar. No entanto,
Marc-Viven Foe, jogador de Camarões, morreu durante uma partida em 2003.
Outra outra forma de detectar a doença é medir os níveis máximos
de consumo de oxigênio dos atletas durante exercícios cardiovasculares.
Depois de estudar atletas profissionais, Henry Roth descobriu que a
média do nível máximo de consumo de oxigênio é diferente entre atletas
brancos e negros, mas os médicos usavam a mesma medição para
diagnosticar ambos. Por isso, atletas negros portadores da doença podem
não ser diagnosticados.
Roth afirmou que não acreditava que a diferença entre atletas brancos e negros ainda não tivesse sido notada.
"Francamente,
fiquei chocado, mas são necessárias pessoas chocadas para se fazer algo
a respeito, fazer algo acontecer e não apenas aceitar as práticas de
sempre", disse.
Histórico familiar
"Henry
tem uma sede por pesquisas do coração, motivada pela experiência de sua
família com morte súbita (por doença) cardíaca", disse o cardiologista
do Hospital St. George que ajudou o estudante, Sanjay Sharma. "Ele quer
garantir que outras famílias não passem pelo que ele passou, e estou
muito animado pela pesquisa que ele realizou comigo e meus colegas no
Hospital St. George.
O trabalho de Henry tem o potencial de mudar
a forma que examinamos atletas para (detectar) cardiomiopatia
hipertrófica", acrescentou. A pesquisa de Roth foi finalista no Concurso
Nacional de Ciência e Engenharia da Grã-Bretanha.
Só na Grã-Bretanha, uma em cada 500 pessoas tem o problema, apesar de a doença não afetar as vidas da maioria dos pacientes.
"Um
avião no chão com um problema mecânico não é perigoso, mas, assim que
ele começa a voar, torna-se perigoso. Assim que eles (os atletas) vão
para para o campo, há a possibilidade de arritimia (batimento cardíaco
irregular)", explicou Roth.
O estudante vai voltar ao Hospital
St. George para continuar suas pesquisas antes de tirar um ano para
viajar. Em seguida, ele pretende estudar medicina.
BBC Brasil / iG
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