Os principais tipos de câncer incidentes na população masculina e que apresentaram grande redução da mortalidade foram os ligados ao tabagismo |
Segundo o diretor presidente da Fundação Oncocentro, José Eluf Neto, a
redução de mortes pela doença pode ser explicada pela queda na própria
incidência. Para Eluf, a incorporação de hábitos mais saudáveis, como deixar de
fumar, o diagnóstico precoce e o aumento da prevenção foram os principais
fatores que resultaram na queda do surgimento de novos casos de câncer e,
consequentemente, das mortes.
Os homens foram os que mais reduziram a taxa de mortalidade, registrando
queda de 10% no período de dez anos. Já o grupo das mulheres apresentou uma
redução menor, de 8%.
Os principais tipos de câncer incidentes na população masculina e que
apresentaram grande redução da mortalidade foram os ligados ao tabagismo. A taxa
de mortes por câncer de pulmão e de laringe caiu 16%, a de câncer de cavidade
oral e faringe teve queda de 12% e a de câncer de esôfago sofreu redução de
11%.
Eluf apontou a diminuição do número de fumantes, tendência dos últimos anos,
como grande motivo para essas quedas de mortalidade. “Os cânceres associados ao
tabagismo são muito importantes em termos de números. O hábito de fumar vem
caindo há muitos anos entre os homens, e o tabagismo começa a cair entre as
mulheres, mais recentemente”.
O médico explica que, embora o hábito de fumar continue mais frequente entre
a população masculina, esse grupo foi responsável por uma queda maior no
tabagismo, se comparado ao número de mulheres que conseguiram largar o
cigarro.
“Os homens começaram a fumar muito antes das mulheres. Até os anos 40, as
mulheres praticamente não fumavam. Era um hábito essencialmente masculino. Com o
tempo, a liberação sexual, as mulheres passaram a fumar cada vez mais”,
disse.
Eluf calcula que são necessários mais de dez anos para que a diminuição do
número de fumantes comece a se refletir nas taxas de mortalidade da população.
Com isso, a iniciação tardia das mulheres no tabagismo deve demorar mais para
surtir efeito. “Nas mulheres, como essa queda no tabagismo é muito mais recente,
isso vai se refletir na mortalidade, provavelmente, daqui a cinco anos”,
avalia.
Outros tipos de câncer, que afetam as mulheres, são os de colo de útero, cuja
queda alcançou 23%, e de partes do útero, que teve redução de 24%. A ampliação
do acesso ao exame de papanicolau, que auxilia na prevenção, foi apontada como
razão para esse resultado. Segundo Eluf, apesar de o estado ainda ter 15% de
mulheres que nunca fizeram o exame na vida, mais de 80% delas já fizeram o
papanicolau pelo menos uma vez.
O câncer de estômago apresentou redução significativa tanto entre homens
(queda de 28%), quanto entre mulheres (menos 23%). Desde os anos 60, a
incidência desse câncer registra trajetória de queda, e a melhor explicação para
isso, de acordo com Eluf, é a melhora na conservação dos alimentos. “O fato de
ter a geladeira e não precisar mais salgar os alimentos para conservá-los levou
à diminuição da infecção por Helicobacter pylori, que causa o câncer de
estômago”, disse.
A infecção, explica Eluf, é comum, e calcula-se que 70% da população já
tenham sofrido com a bactéria Helicobacter pylori. Poucos pacientes,
porém, desenvolvem o câncer a partir dessa infecção. Como está ligado à
conservação de alimentos, o câncer de estômago sempre foi mais frequente nos
países pobres. “É um câncer muito associado à pobreza, às más condições de
vida”, disse o médico.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário