Estudo, que avaliou 77 pessoas acima de 60 anos, integra o projeto Fragilidade do Idoso Brasileiro (Fibra)
Estudos já provaram que pessoas com mais de 60 anos, portadoras da Síndrome da Fragilidade, apresentam, em geral, pressão arterial mais elevada e maiores fatores de risco em relação a problemas cardiovasculares. Mas uma pesquisa realizada pela enfermeira Rachel Gabriel Bastos Barbosa, em Fortaleza, no Ceará, constatou que este grupo também apresenta maior circunferência abdominal e colesterol HDL (bom) baixo.
— São todos fatores que predispõem a riscos de infartos e acidente vascular cerebral (AVC) — revela a orientadora da pesquisa, Nereida Kilza da Costa Lima, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo, que envolveu 77 idosos acima de 60 anos, integra o projeto Fragilidade do Idoso Brasileiro (Fibra).
Como se caracteriza a síndrome
Perda das reservas do organismo em pessoas acima dos 60 anos é a principal causa da doença, explica a professora. Com base em definições da pesquisadora americana Linda Fried, da Columbia University (EUA), foram levados em conta os seguintes critérios para a caracterização da síndrome: perda de peso recente do idoso — em média, 4,5 quilos ou 5% do seu peso corporal; queixas de cansaço avaliadas por um questionário; testes de força realizados com dinamômetro — aparelho que é fechado com as mãos; questionário que constate baixo nível de atividade física; e cronometragem de tempo em caminhada da distância de 4,5 metros. Se a pessoa tiver 60 anos ou mais e apresentar três dos parâmetros, pode ser considerada frágil, segundo Nereida.
Entre os 77 idosos avaliados, Rachel identificou três grupos, comparados pelas medidas de suas pressões arteriais. Do total, 23 foram considerados frágeis, 23 não-frágeis, e os outros 31 foram identificados como pré-frágeis. Estes apresentavam um ou dois dos critérios de avaliação.
Além da série realizada em ambulatório, os pacientes utilizaram aparelhos semi automáticos para fazer, em casa, suas próprias avaliações. Nereida conta que eles foram selecionados em domicílios e encaminhados para os exames em ambulatórios, em Fortaleza.
De acordo com a professora, uma terceira forma de avaliação usou o sistema Mapa de medida de pressão arterial, onde o paciente é monitorado por um aparelho num período de 24 horas.
— Foi justamente aí que foram encontradas as principais diferenças e apontado que a pressão arterial dos idosos mais frágeis era mais alta — relata.
Além da pressão arterial, outros exames laboratoriais foram realizados, revelando que os "frágeis" também tinham a homocisteína — aminoácido que aumenta com processos inflamatórios, como em pacientes com cardiopatia e com Alzheimer — mais alta.
O combate à fragilidade dos idosos passa pela prática de atividades físicas, alimentação adequada e pelo controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, entre outras, que podem agravar o quadro. Ela alerta que a síndrome já atinge 46% da população mundial com mais de 85 anos.
Fonte Zero Hora
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