De acordo com pesquisadores, pessoas com depressão clínica também teriam grandes chances de sofrer dores de cabeça latejantes
Pessoas que sofrem com dores de cabeça muito fortes correm mais riscos de desenvolver depressão clínica, sugere um novo estudo, realizado por especialistas do Canadá. A pesquisa, publicada na revista Headache (dor de cabeça em português), ainda sugere que as pessoas com depressão clínica também têm grandes chances de ter enxaqueca. De acordo com os pesquisadores, porém, essa segunda descoberta pode ter sido feita ao acaso.
Para a líder da equipe, Geeta Modgill, da Universidade de Calgary, aqueles que sofrem de enxaqueca e depressão precisam conhecer os sinais de ambos os males, já que sofrer de um deles pode significar vir a ter o outro.
Enxaquecas são dores de cabeça latejantes, às vezes em apenas um lado da cabeça, que podem vir acompanhadas de náuseas e sensibilidade à luz. Às vezes, elas podem ser precedidas de perturbações visuais conhecidas como 'auras'. Depressão é um transtorno mental grave definida por um conjunto de sintomas que podem incluir a tristeza, a insônia, a fadiga e dormência emocional.
Para realizar esse novo estudo, a equipe de Modgil utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde da População Canadense, que avaliou mais de 15 mil pessoas, a cada dois anos, entre 1994 e 2007. No geral, cerca de 15% delas tiveram depressão e cerca de 12% sofreram enxaquecas ao longo desses 12 anos.
Casos de depressão foram significativamente mais comuns entre as pessoas que apresentaram enxaqueca no início do estudo - 22% dos pacientes com enxaqueca também tinham depressão, versus 14,6% daqueles que não tinham a doença.
Esse fato mostrou que pessoas com enxaqueca têm 80% mais probabilidade de desenvolver depressão do que pessoas sem essas dores de cabeça. A ligação também se manteve quando foram analisadas outras influências, como idade e sexo.
Pessoas com depressão também mostraram ter 40% mais probabilidade de desenvolver enxaqueca do que os não deprimidos, mas essa relação não era tão forte quanto a primeira. Além disso, a associação desapareceu quando os dados foram ajustados para o estresse e o trauma de infância.
Segundo os pesquisadores, certas situações vividas na infância podem alterar a forma como o cérebro responde ao estresse mais tarde, mas este tipo de estudo não serve para destrinchar os efeitos biológicos. A pesquisa também não pode determinar causa e efeito para o link percebido entre a depressão e a enxaqueca.
Apesar de nenhum mecanismo evidente, Geeta Modgill afirmou que 'algo está acontecendo aqui', merecendo ser estudado. "O próximo passo deve focar em como explorar esta informação e de que forma ela poderá ser usada por médicos", disse a pesquisadora.
Fonte Estadão
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