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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Com crise, demanda do SUS aumenta

Por Fuad Noman*
 
A Lei 8.080, que trata da organização e funcionamento dos serviços de saúde vedava a participação e o controle de capital estrangeiro nas empresas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar um hospital geral, inclusive filantrópico, ou especializado, assim como policlínicas e clínicas
 
Com a Lei 13.097/15, em vigor desde janeiro deste ano, esta proibição caiu com grandes reflexos para o setor hospitalar no Brasil. Agora é permitida “a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro” nos casos em que esta participação era, até então, vedada”.
 
Esta modificação ocorreu, e segue sendo amadurecida, em um momento econômico do Brasil que mostra inflação as portas dos dois dígitos; previsão de queda do PIB chegando aos 2%; aumento médio da energia elétrica em mais de 30%; emprego na indústria em queda livre. Se tudo der certo até o final de 2016 podemos ter o início de uma recuperação.
 
Quero chamar atenção sobre algo que pode passar despercebido. Os dados divulgados sobre a economia brasileira são números médios e não mostram variações que podem ser muito maiores se olharmos setores e regiões específicas.
 
As regiões mais dependentes do petróleo, como o Rio de Janeiro, parte do Espírito Santo, Baixada Santista em São Paulo estão sofrendo muito mais. Regiões mais vinculadas à indústria automobilística como o ABC de São Paulo, Betim em Minas Gerais e parte do Vale do Paraíba em São Paulo convivem com as consequências da queda de produção prevista para o setor.
 
Nestas regiões há forte redução da atividade econômica e aumento do desemprego. Para o setor de saúde pode-se esperar uma transferência de demanda do setor privado e de convênios para o SUS, aumentando a sobrecarga neste último.
 
Outro ponto que precisamos ficar atentos é para a alteração dos preços relativos. Uma inflação de 9% é uma média de aumento de preços, portanto, temos preços subindo pouco e temos, por exemplo, o aumento dos preços de energia elétrica (33%). Temos ainda a “inflação” dos importados, resultado do aumento da taxa de câmbio que foi de R$ 2,23 em maio de 2014 para algo em torno de R$ 3,50 (aumento de mais de 50% em pouco mais de um ano). Setores como o de saúde que trabalham com muitos insumos importados ou fabricados com matérias primas importadas são fortemente impactados. Da mesma forma são fortemente impactadas as dívidas em moeda estrangeira em especial aquelas contraídas na importação de equipamentos. Assim, surge de imediato uma primeira pergunta: Qual é a inflação se sua empresa? Sim. Cada empresa tem uma variação de custos própria, que inevitavelmente impacta seus preços finais e o seu desempenho.
 
A conclusão é que, para a maior parte das empresas, de qualquer ramo de negócios, a conjuntura 2015/2016 é um grande desafio. E nele também podem estar grandes oportunidades de negócios.
 
Neste contexto, a palavra-chave é gestão. E as figuras principais para enfrentar situações atípicas são os gestores. Cabe a eles liderar as equipes para promover mudanças, aumentar a produtividade, buscar novos nichos para aumentar a base de cliente, dentre outras. Não podemos esquecer também a importância nestes momentos de crise de uma boa estrutura de Governança Corporativa, com o Conselho de Administração exercendo seu papel de definir a estratégia e a Diretoria propondo os caminhos e os planos a serem executados pelos seus liderados.
 
*Fuad Noman – Economista, diretor da EconPrev Consultoria
 

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