Uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revela que os efeitos maléficos da poluição vão muito além do sistema respiratório.
Os poluentes também atingem o sistema nervoso. A experiência conduzida pela bióloga Paula Bertacini submeteu embriões de galinha ao efeito dos poluentes e concluiu, logo na primeira fase do experimento, que as partículas provocam uma redução no número de neurônios e geram falha de desenvolvimento.
A pesquisa partiu da coleta de amostras de poluentes no Bairro da Consolação, Centro de São Paulo, onde está localizada a Faculdade de Medicina. Muito movimentado e eternamente congestionado, o lugar foi escolhido pela poluição veicular, com grande participação de veículos pesados a diesel, automóveis e motocicletas — um local que poderia ser em qualquer outro grande centro, ressalta a pesquisadora.
O estudo, parte do doutorado de Paula Bertacini, começou em 2007. A cientista explica que, como não foram observadas alterações externas nos animais em ambientes controlados, a pesquisa passou a buscar mudanças internas, em tecidos. A iniciativa faz parte do programa do Laboratório de Poluição Atmosférica Ambiental (LPAE) da faculdade e conta com a coordenação de Paulo Saldiva, que também é coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental. O grupo de pesquisa do laboratório já estudou os efeitos nocivos dos poluentes sobre os sistemas respiratório, cardiovascular, endócrino e reprodutor.
A escolha de embriões de galinha se deu pela familiaridade do organismo. “O desenvolvimento embrionário é bem estudado e conhecido”, explica Paula, ressaltando ainda a facilidade de manipulação dos ovos, um microambiente controlado e fechado. “Nos baseamos no cerebelo dos animais, que tem uma estrutura de tecidos e células muito bem organizada e igualmente conhecida”, ressalta. Além dessas vantagens, a utilização de ovos reúne outras facilidades, entre elas a disponibilidade de incubação de várias unidades em um espaço pequeno.
O material particulado foi recolhido no trecho próximo ao cruzamento da Avenida Doutor Arnaldo com a Rua Teodoro Sampaio, local de intenso movimento da capital paulista. O material é constituído de fuligem, poeira e outros componentes que ficam suspensos na atmosfera, justamente alguns dos principais produtos dos motores de combustão interna. Depois da coleta, tudo foi colocado em solução líquida e injetado nos ovos. Depois da eclosão, o tecido cerebral do animal foi examinado em busca de qualquer alteração estrutural significativa.
Os exames detectaram que houve uma redução no número de neurônios (chamados de células de Purkinje) do cerebelo na evolução embrionária. Esse grupo de neurônios costuma ser afetado por intoxicações provocadas por substâncias como álcool, além de distúrbios degenerativos. Ainda é cedo, contudo, para determinar se o mesmo ocorre com seres humanos. A segunda etapa envolverá teste com mamíferos, que já está em andamento, segundo Paula, o que permitirá maior aproximação com humanos.
Resistência
A pesquisadora reforça que, como a pesquisa ainda é um estudo de fase 1, há necessidade de realizar muitos testes adicionais para padronizar as doses a serem avaliadas. Também foram definidos os métodos de análise morfológica das células do cerebelo.
Além da redução de neurônios, os experimentos apontaram para a existência de um mecanismo de defesa contra o dano oxidativo —um conhecido agente de dano e morte celular. O estudo pode ajudar a descobrir como o organismo luta contra os efeitos nocivos do ambiente.
A pesquisa partiu da coleta de amostras de poluentes no Bairro da Consolação, Centro de São Paulo, onde está localizada a Faculdade de Medicina. Muito movimentado e eternamente congestionado, o lugar foi escolhido pela poluição veicular, com grande participação de veículos pesados a diesel, automóveis e motocicletas — um local que poderia ser em qualquer outro grande centro, ressalta a pesquisadora.
O estudo, parte do doutorado de Paula Bertacini, começou em 2007. A cientista explica que, como não foram observadas alterações externas nos animais em ambientes controlados, a pesquisa passou a buscar mudanças internas, em tecidos. A iniciativa faz parte do programa do Laboratório de Poluição Atmosférica Ambiental (LPAE) da faculdade e conta com a coordenação de Paulo Saldiva, que também é coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental. O grupo de pesquisa do laboratório já estudou os efeitos nocivos dos poluentes sobre os sistemas respiratório, cardiovascular, endócrino e reprodutor.
A escolha de embriões de galinha se deu pela familiaridade do organismo. “O desenvolvimento embrionário é bem estudado e conhecido”, explica Paula, ressaltando ainda a facilidade de manipulação dos ovos, um microambiente controlado e fechado. “Nos baseamos no cerebelo dos animais, que tem uma estrutura de tecidos e células muito bem organizada e igualmente conhecida”, ressalta. Além dessas vantagens, a utilização de ovos reúne outras facilidades, entre elas a disponibilidade de incubação de várias unidades em um espaço pequeno.
O material particulado foi recolhido no trecho próximo ao cruzamento da Avenida Doutor Arnaldo com a Rua Teodoro Sampaio, local de intenso movimento da capital paulista. O material é constituído de fuligem, poeira e outros componentes que ficam suspensos na atmosfera, justamente alguns dos principais produtos dos motores de combustão interna. Depois da coleta, tudo foi colocado em solução líquida e injetado nos ovos. Depois da eclosão, o tecido cerebral do animal foi examinado em busca de qualquer alteração estrutural significativa.
Os exames detectaram que houve uma redução no número de neurônios (chamados de células de Purkinje) do cerebelo na evolução embrionária. Esse grupo de neurônios costuma ser afetado por intoxicações provocadas por substâncias como álcool, além de distúrbios degenerativos. Ainda é cedo, contudo, para determinar se o mesmo ocorre com seres humanos. A segunda etapa envolverá teste com mamíferos, que já está em andamento, segundo Paula, o que permitirá maior aproximação com humanos.
Resistência
A pesquisadora reforça que, como a pesquisa ainda é um estudo de fase 1, há necessidade de realizar muitos testes adicionais para padronizar as doses a serem avaliadas. Também foram definidos os métodos de análise morfológica das células do cerebelo.
Além da redução de neurônios, os experimentos apontaram para a existência de um mecanismo de defesa contra o dano oxidativo —um conhecido agente de dano e morte celular. O estudo pode ajudar a descobrir como o organismo luta contra os efeitos nocivos do ambiente.
Fonte Correio Braziliense
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