Escâneres médicos poderiam ser usados para avaliar a causa da morte de uma pessoa, diminuindo a necessidade de se fazer necropsias invasivas que muitas vezes provocam mais dor às famílias que acabam de perder um ente querido, revelou um estudo que será publicado na edição de terça-feira da revista científica The Lancet.
Na Grã-Bretanha as necropsias são aplicadas em um quinto dos óbitos registrados, sobretudo quando há suspeita de crime. O procedimento mudou pouco no último século e consiste na evisceração e dissecção dos órgãos principais do corpo.
Interessados em descobrir se uma alternativa não invasiva poderia ser usada para substituir a necropsia, cientistas fizeram testes com escâneres de ressonância magnética e tomografia computadorizada nos corpos de 182 adultos falecidos, cujos cadáveres foram em seguida submetidos ao procedimento.
Segundo o estudo, a realização da necropsia revelou-se desnecessária em um terço dos casos analisados por ressonância magnética e em metade dos casos submetidos a tomografia.
Os escâneres, no entanto, não foram perfeitos. Eles não conseguiram identificar ou identificaram equivocadamente dezenas de casos de doenças cardíacas, bem como de embolia, pneumonia e lesões intra-abdominais.
Segundo o artigo, o uso de escâneres poderia identificar algumas das principais causas de morte e, assim, tornar algumas necropsias desnecessárias.
Também serviria para identificar lesões suspeitas que permitiriam aos patologistas fazer apenas uma dissecção mínima para identificar com precisão a causa da morte. "Quando radiologistas se mostram confiantes de que a causa da morte apontada na ressonância é definitiva, a taxa de discrepância entre diagnósticos radiológicos e de necropsia é menor e deve ser aceitável de um ponto de vista médico-legal", destacou o estudo, liderado por Ian Roberts, professor de Patologia do Hospital John Radcliffe, em Oxford.
Mas algumas questões práticas precisam ser superadas antes de transformar a ressonância post-mortem em rotina.
Os escâneres - ferramentas de diagnóstico que capturam imagens tridimensionais ou cortes transversais de órgãos internos - são caros demais e exigem especialistas treinados para operá-los e interpretar seus resultados. "A necropsia é considerada o padrão áureo para o diagnóstico", explicou em um comentário James Underwood, da Universidade de Sheffield.
"A geração de imagens post-mordem ainda não pode ser vista como substituta da autópsia; é um dos vários métodos disponíveis para determinar a causa de morte", acrescentou.
Fonte Correio Braziliense
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