A administração do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge admite falhas na segurança do organismo mas garante que o problema não se irá alterar num futuro próximo, já que não existem verbas para o colmatar.
"Temos o nível máximo que conseguimos, que é a presença permanente de um elemento de uma empresa de segurança privada, mas não temos o terreno delimitado com uma vedação, nem o acesso condicionado no interior das instalações", afirmou o presidente do conselho de administração, José Pereira Miguel, acrescentando que, apesar de existirem “uma série de barreiras”, a verdade é que “não as desejáveis”.
Em causa está o material que é estudado e analisado na sede do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, nomeadamente no laboratório de segurança biológica de nível 3, onde são desenvolvidas actividades de risco que envolvem o manuseamento de produtos biológicos altamente infecciosos.
"O nosso maior problema é a presença de agentes infecciosos, de microrganismos que existem por cá e que são cultivados, analisados e guardados nos laboratórios de doenças infecciosas", revelou o presidente do conselho de administração.
José Pereira Miguel reconheceu que as medidas que têm sido tomadas ao nível da segurança são as possíveis com o dinheiro disponível e garantiu que, se tivesse mais verbas, procederia ao "isolamento e resguardo" da zona junto ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e também no interior das instalações.
"Continuamos a ter um campus muito devassado, o que está mal, mas é preciso dinheiro para investir", declarou o responsável.
Segundo José Pereira Miguel, o edifício do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, da autoria do arquitecto Pardal Monteiro, tem as suas "vulnerabilidades" e daí a necessidade de serem erguidas, no seu exterior, sucessivas barreiras.
Biossegurança
Esta unidade promove na próxima sexta-feira o primeiro encontro de peritos em biossegurança, dirigido a utilizadores de laboratórios de segurança biológica de nível 3 (BSL-3).
Sofia Núncio, responsável pela Unidade de Resposta a Emergências e Bio preparação (UREB), do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, defende a criação de uma rede nacional que centralize todos os aspectos ligados à biossegurança.
“Esta rede deve ser um fórum onde todos os que têm responsabilidades na área da biossegurança possam discutir e debater esta temática", explicou.
"As actividades que visem promover a melhoria do conhecimento e compreensão da biossegurança, a definição e divulgação das melhores práticas, o desenvolvimento de actividades para influenciar e apoiar a legislação existente e a capacidade para aconselhar as autoridades competentes na implementação de nova legislação na área da biossegurança" são algumas das possíveis atribuições desta rede.
Para Sofia Núncio, "o modo de funcionar da rede e a sua articulação com outras entidades dependerá muito da vontade de todos os participantes e das autoridades nacionais que têm competência para intervir nesta área".
Questionada sobre a resposta que Portugal tem actualmente ao nível da biossegurança, a especialista referiu que, em termos de resposta laboratorial, que é a competência do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, existe "capacidade para fazer a detecção rápida dos agentes designados como potenciais armas biológicas em amostras biológicas e em algumas amostras ambientais".
"O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge tem a capacidade, em caso de necessidade, de trabalhar 24 sobre 24 horas, sete dias por semana, com o objectivo de contribuir para a identificação atempada dos agentes presentes na amostra", sublinhou.
Fonte Correio da Manhã
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