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sábado, 30 de junho de 2012

Comprometimento com exercício está vinculado ao prazer e não aos benefícios

Revisão de estudos indica que melhoras na saúde ajudam, mas não são um fator decisivo para manter praticantes engajados em atividades físicas

Quase todos já entenderam que o exercício é importante para a saúde, principalmente aqueles que começaram a se exercitar e depois pararam. Talvez, dizem os pesquisadores, o jeito de persuadir mais pessoas a se exercitarem seja estudando os raros indivíduos que amam se exercitar.

Mas, o que faz com que uma pessoa se comprometa com os exercícios? E como motivar as melhorias para a saúde?

Recentemente, essas questões tornaram-se mais urgentes. Neste mês, um grupo de pesquisa sobre exercícios publicou uma análise de cinco estudos rigorosos relatando que cerca de 10% das pessoas têm uma "resposta adversa" a exercícios. Nelas, pelo menos um fator de risco cardiovascular piorou em vez de melhorar.

Alguns especialistas em exercícios e em saúde pública preocupam-se com o fato de as pessoas estarem usando esses resultados como uma desculpa para não se exercitar. Mas isso indica que os exercícios são motivados principalmente por questões de saúde.

"Quando um médico diz a um paciente que ele precisa fazer uma mudança pela sua saúde, isso pode ser motivador, especialmente se a pessoa tem um problema", diz Rodney Dishman, diretor do laboratório de psicologia do exercício na Universidade da Geórgia.

"Mas, geralmente, essa motivação diminui ao longo do tempo, pois as pessoas não sentem que os seus ossos estão ficando mais fortes nem que seus lipídeos e sua pressão arterial estão mudando."

A maioria dos que passam a se exercitar diz que o objetivo é perder peso ou melhorar a saúde. Mas aqueles que começam com o intuito de beneficiar efeitos da saúde quase imperceptíveis acabam parando, afirma Dishman, alegando falta de tempo, muito cansaço ou que simplesmente perderam o interesse.

Por outro lado, não existem bons estudos que investiguem as razões que mantêm as pessoas praticando exercícios. Dishman e outros suspeitam que a motivação seja o prazer – sentir-se energizado, um impulso no humor, além de sentir-se inquieto e desconfortável sem exercício. E você pode não ser capaz de conseguir ter essa reação.

Características biológicas, disse Dishman, "parecem desempenhar um papel maior, tanto na opção por ser ativo quanto nos resultados da atividade, do que as pessoas – isto é, os defensores da saúde pública – estão dispostas a admitir."

Dishman cita-se como um exemplo de alguém que anseia por fazer atividades físicas. Até cerca de cinco anos atrás, ele era um corredor ávido. Então, ele teve um problema no joelho – osteoartrite severa – e nunca mais pôde correr. Hoje, ainda sonha que está correndo. Mas em vez de desistir dos exercícios, ele pedala uma bicicleta ergométrica, simplesmente porque isso faz com que ele se sinta bem.

"Se eu posso me sentir melhor após 30 minutos pedalando no meu escritório, sozinho, indo a lugar nenhum, tem que haver algo em relação ao exercício", disse ele.

Mas para ele, assim como para muitos outros, o exercício lento e moderado não traz o mesmo prazer físico. O exercício tem que ser pesado, o que significa que tem que exigir um esforço real, o tipo de treino que faz com que as pessoas respirem aceleradamente e pinguem de suor, segundo Dishman.

Muitos cientistas e médicos que praticam ávidos exercícios – e que conhecem e compreendem a ciência médica – dizem que nunca foram motivados pela ideia de diminuir fatores de riscos para problemas no coração.

Barry Zirkin, biólogo reprodutivo da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins, anseia por seu esporte – basquete – a tal ponto que três lesões parciais em cada tendão de Aquiles não conseguiram mantê-lo afastado do exercício. Seu ortopedista disse a ele para parar.

"Ele sabia que eu não iria parar. E não parei. Posso dizer que esse jogo faz parte de mim", Zirkin acrescenta.

Christine Lawless, presidente do Colégio Americano de Cardiologia Esportiva e do Conselho de Cardiologia do Exercício, era patinadora e participava de competições até pouco antes dos 50 anos de idade. Ela era motivada pela competição, pela vontade de vencer. Então ela quebrou a perna esquerda durante um salto e não pôde se exercitar por seis meses.

"Fiquei muito deprimida, sabia que não iria patinar novamente. Realmente tive que mudar minha mentalidade e pensar em outras formas de me motivar", conta Lawless.

Hoje, com 59 anos, ela se exercita cerca de uma hora por dia, cinco dias por semana, por meio de ioga, caminhada e musculação. Ela diz que sua motivação agora é o desejo de permanecer ativa e flexível pelo resto da vida. Mas para ela, assim como para Dishman e Zirkin, o exercício também é um prazer inato, importante para o bem-estar.

"Sinto que não tive um bom dia quando não me exercito", diz Lawless.

Talvez apontar os benefícios para a saúde por meio dos exercícios não seja a melhor maneira de incentivar as pessoas a praticar atividades, de acordo com Dishman. Mas e quanto a um cientista ou médico que realmente tenha uma doença cardíaca? Será que uma resposta adversa gerada por exercícios poderia fazer alguma diferença?

Segundo Robert Green, da Faculdade de Medicina de Harvard, esse é o caso dele. Green costumava correr, mas não pode mais fazer isso por causa das juntas. Em vez de correr, agora ele anda de bicicleta e nada.

Efeitos adversos, disse ele, não o deteriam. Qual o real significado de dizer que sua pressão arterial sobe um pouco com o exercício, questiona o médico.

Não existem dados sobre efeitos de longo prazo para a saúde, como ataques cardíacos e AVCs, em pessoas que se exercitam e têm respostas adversas. Então ele simplesmente não se importa. O exercício faz com que ele se sinta bem. E se ele tivesse um efeito adverso, como um aumento na pressão sanguínea?

"Eu continuaria me exercitando."

Fonte iG

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