Conhecida como paralisia infantil, pode provocar fraqueza muscular permanente, paralisia e deixar sequelas. Vacinação é essencial
Foto: ABr/Wilson Dias
Criança é vacinada contra paralisia infantil durante campanha no ano passado: prevenir é preciso
Hoje as crianças menores de 5 anos devem receber a primeira dose da vacina contra a poliomielite, conhecida como paralisia infantil. É apenas a etapa inicial que colabora com a erradicação da doença no Brasil. A segunda dose da vacina será aplicada a partir do dia 13 de agosto. Segundo o Ministério da Saúde, a criança só fica completamente protegida após receber as duas gotinhas previstas.
Crianças com febre acima de 38 graus Celsius ou com alguma infecção devem ser avaliadas por um médico antes de procurar os postos de saúde. Também não é recomendado vacinar crianças com problemas de imunodepressão (como pacientes com câncer e aids) ou que já apresentaram reação alérgica severa a doses anteriores das vacinas.
A meta do governo é vacinar 95% do público-alvo. Felizmente pais e responsáveis têm contribuído para o sucesso das campanhas de vacinação.
A poliomielite, como define o Manual Merk de Informação Médica, é uma infecção viral contagiosa, por vezes mortal, que pode provocar fraqueza muscular permanente, paralisia e outros sintomas.
É causada pelo poliovírus, um enterovírus transmitido ao se engolir substâncias contaminadas pelo vírus. A infecção estende-se do intestino às partes do cérebro e à medula espinhal, que controlam os músculos.
No início do século 20, a pólio era uma doença frequente e temível. Atualmente, devido aos programas de vacinação, os surtos praticamente desapareceram. Dados do Ministério da Saúde apontam que os últimos casos de paralisia infantil nas Américas ocorreram no Brasil em 1989 e no Peru em 1991. Oficialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a poliomielite erradicada das Américas em 1994 e da Europa em 1999. Mas ainda há circulação de poliovírus em países da África e Sudeste Asiático.
“Erradicação não significa que a doença não exista mais, apenas que está sob controle. Por isso as crianças devem continuar sendo vacinadas”, diz Maria Amélia dos Santos, diretora da Associação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite (ABRASPP), ela própria vítima de poliomielite.
Sequelas
Cerca de 50% das pessoas com poliomielite se recuperam sem paralisia, 25% apresentam incapacidade leve e 25% têm paralisia permanente grave. Porém, alguns portadores da doença, incluindo os que aparentemente se recuperaram por completo, apresentam retorno ou deterioração da fraqueza motora 15 ou mais anos depois de terem sofrido um ataque de pólio – trata-se da Síndrome Pós-Poliomielite, que pode levar a invalidez permanente.
“Nasci em Portugal e vim para o Brasil com três meses. Aos 10 meses já estava andando. De repente, parei de andar. Meus pais me levaram ao médico e foram levantadas inúmeras hipóteses, até eu ser diagnosticada com poliomielite. Usei aparelho ortopédico, muleta e passei por 14 cirurgias. Depois de algum tempo, aparentemente me recuperei e segui minha vida normalmente”, conta Maria Amélia, da ABRASPP.
Aos 48 anos, no entanto, ela foi perdendo os movimentos de novo. “Os médicos achavam até que era psicológico”. Na verdade era a Síndrome Pós-Pólio se manifestando. “Mudou tudo na minha vida. Reduzi em 60% a velocidade com que fazia as coisas e até as torneiras de casa tive de trocar por não ter força para abri-las”, revela Maria Améria, hoje com 56 anos.
Mesmo com a doença sob controle no Brasil, ela faz um apelo aos pais para que vacinem seus filhos: “Continuem alerta. Cuidem de suas crianças”.
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