Maíra Teixeira/iG Santa Casa de Misericórdia de São Paulo |
Médicos, enfermeiros, profissionais da saúde e funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo fizeram um protesto na manhã de ontem (27). Eles reivindicam os pagamentos de salários e décimo terceiro (com as respectivas multas por atraso) que não foram efetuados no final do ano passado, devido à grave crise financeira por que passa a instituição.
Pelo menos 120 manifestantes, segundo estimativa dos sindicatos, percorreram as dependências da entidade e promoveram uma panfletagem. O ato durou 36 minutos e foi um repúdiu a proposta da direção do hospital, que sugeriu o pagamento dos valores devidos parcelados em 36 vezes. "Nós não aceitamos isso, 36 meses dá 100 reais [por mês] e as dívidas dos trabalhadores, que correram juros, não daria para pagar em 36 meses. Seria inadmissível aceitar", disse Anuska Pitunci, uma das diretoras do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (Seesp).
Ela acrescentou que alguns funcionários receberam o décimo terceiro e salário de dezembro, mas outros não. O sindicato não soube informar quantos deles ainda estão sem receber. "A gente pediu a relação nominal do trabalhador, setor que trabalha, e se recebeu o valor do salário. Faz mais de três meses que pedimos, para realmente saber o montante que é devido para cada um, mas até agora nada". Na Santa Casa trabalham 600 enfermeiros.
Segundo Anuska, representantes das entidades sindicais dos profissionais de saúde formaram uma comissão, por intermédio da Superintendência Regional do Trabalho, para acompanhar a venda de um prédio, que é de propriedade do hospital. O imóvel, avaliado em RS 60 milhões, foi colocado à venda para ajudar a liquidar as dívidas trabalhistas da entidade. Ela conta, porém, que o prédio recebeu apenas uma oferta, no valor de R$ 40 milhões, que não foi aceita. A comissão funciona por 30 dias, avaliando as negociações entre a diretoria do hospital e possíveis compradores.
Os enfermeiros não descartam uma paralisação. Ontem (26), os médicos fizeram uma assembleia quando rejeitaram a paralisação, pois iss o poderia comprometer a assistência à população. A categoria decidiu esperar o prazo de 30 dias para avaliar a evolução da venda do imóvel.
Péricles Batista, diretor do Seesp, teme que profissionais sejam demitidos. "As demissões estão sendo voluntárias, as pessoas estão pedindo as contas pelas péssimas condições de trabalho e sobrecarga, falta de insumos. Tudo isso tem acontecido aqui dentro. A maior prejudicada é a população", declarou.
A Agência Brasil entrou em contato com a Santa Casa e aguarda um pronunciamento da direção sobre o assunto.
Agência Brasil / iG
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