Para o presidente da multinacional, vírus pode comprometer cultivo do cacau se chegar aos principais produtores
Reuters/Denis Balibouse - Presidente da multinacional suíça admite que mercado de cacau pode ser afetado pelo ebola |
A Nestlé está preocupada com os possíveis efeitos da epidemia de ebola na produção de cacau – principal matéria-prima do chocolate. A informação foi dada pelo presidente-executivo da multinacional suíça, Paul Bulcke.
Durante divulgação dos resultados da companhia nesta quinta-feira (16), o executivo afirmou que a empresa está em alerta com o surto do ebola na África Ocidental. Trata-se de uma importante região produtora de cacau.
Em teleconferência com analistas logo após a divulgação dos resultados da Nestlé, Bulcke disse que "esse surto afeta a nós e a sociedade em geral".
A Nestlé não tem fábricas em Serra Leoa, Guiné ou Libéria – os países mais afetados pelo ebola. Ainda assim, a companhia ajudou a Cruz Vermelha no combate ao vírus, com a doação recente de 100 mil francos suíços, ou cerca de US$ 106 mil.
O grande temor da Nestlé é que a doença avance em direção a Costa do Marfim e Gana – vizinhos dos países mais afetados pelo vírus. Estes são os principais produtores mundiais de cacau.
Resultados financeiros
O crescimento de vendas da Nestlé, maior grupo de alimentos do mundo, desacelerou nos primeiros nove meses do ano, com o impacto de uma fraqueza no desempenho na Ásia e pressões sobre preços na Europa.
O dado de vendas da companhia veio abaixo do esperado e fez as ações da multinacional suíça caírem, apesar da empresa ter mantido sua meta de crescimento orgânico de vendas de cerca de 5% em 2014.
As vendas da Nestlé caíram 3,1%, para 66,2 bilhões de francos suíços (US$ 70,3 bilhões) de janeiro a setembro, atingidas também pela valorização do franco suíço.
Os negócios com as ações da Nestlé chegaram a ser suspensos nesta quinta-feira (16), quando os papéis recuaram mais de 4%.
Nas Américas, as vendas da companhia tiveram queda de 7% no período, para 19,3 bilhões de francos suíços. A empresa disse no relatório de vendas que a confiança do consumidor variou na América Latina, especificamente, mas pontuou ter registrado boas performances no Brasil nas categorias de atuação do grupo.
Em termos ajustados, a receita orgânica nas Américas cresceu 4,8%. No mundo, houve alta de 4,5 por cento no período por esse critério, abaixo da previsão de 4,7%.
"O crescimento orgânico ficou abaixo das expectativas, em particular com relação ao enfraquecimento da tendência de negócios no terceiro trimestre", disse Michael Romer, analista do J.Safra Sarasin, em relatório.
Bulcke, presidente-executivo da Nestlé, disse que a companhia deverá ser capaz de produzir crescimento orgânico de mais de 4,5% no ano. "Eu sou um homem ambicioso (...) Tenho bastante confiança. Os 4,5% até agora não são ruins se você considerar todos os fatores."
Reuters / iG
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