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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Superbactérias driblam medicação e deixam rastro de mortes pelo mundo

Reprodução/Daily Mail
Bactérias aprenderam mecanismo resistente aos antibióticos
Organismos como a KPC já contaminaram pacientes em diversos países, inclusive no Brasil
 
Oportunistas, traiçoeiras, letais: como combater inimigas com estas propriedades? Essa é a pergunta que o mundo todo se faz diante da ameaça cada vez mais constante das epidemias de superbactérias, organismos causadores de doenças e resistentes até aos mais modernos antibióticos disponíveis no mercado.
 
Desde 1996, quando foi identificada pela primeira vez a KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase), diversos países já sofreram surtos de graves infecções causadas pela bactéria, uma mutação genética que aprendeu a se defender da ação dos medicamentos criados para exterminá-la.
 
O Brasil, por exemplo, registrou casos de pacientes infectados pela KPC em 2014, e, no começo deste ano, uma epidemia explodiu nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal, onde, ao todo, 35 pessoas apresentaram micro-organismos desse tipo.
 
A KPC costuma afetar pacientes hospitalizados e com imunidade baixa — por isso, doentes internados na UTI são alguns de seus alvos mais comuns. A superbactéria pode atingir qualquer órgão do corpo humano, mas suas manifestações mais frequentes são como agentes causadores de pneumonia e infecção urinária.
 
Em um dos casos mais relevantes do surto de junho passado, uma mulher de 83 anos deu entrada no hospital com quadro de pneumonia e, ao ser admitida para tratamento, contraiu a nova infecção por KPC.
 
A suspeita é de que o problema tenha surgido depois que os antibióticos que eram ministrados à paciente para o tratamento do problema respiratório acabaram, e a instituição optou por substitui-los por uma nova medicação.
 
De acordo com o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, a interrupção no uso de uma medicação desse tipo, seja em nível doméstico, seja em ambiente hospitalar, está intimamente ligada ao surgimento e desenvolvimento das superbactérias.
 
— A pessoa às vezes tem algo simples, como uma sinusite, e o médico receita 21 dias de antibiótico. Ao tomar por uma duração diferente desta, o paciente estimula bactérias que já têm alguma tendência a resistir à medicação, e então surge o problema.
 
Nos Estados Unidos, 179 foram colocadas em alerta após duas mortes serem registradas por infecção pela ERC, outra superbactéria que se aloja em organismos debilitados, em geral de pacientes em recuperação após cirurgias.
 
Nesse caso, os dois mortos tinham em comum o fato de terem passado por intervenções com duodenoscópios, instrumentos usados no tratamento e diagnóstico de problemas no pâncreas e na vesícula.
 
Em um estudo encomendado pelo governo britânico em 2014, e coordenado pelo economista Jim O’Neill, o cenário médico da luta de medicações versus organismos resistentes parece assustador.
 
De acordo com entrevista de O’Neill à rede de notícias BBC, publicada à época da divulgação dos resultados, as mortes causadas por esse problema crescerão vertiginosamente no mundo todo.
 
Na Nigéria, por exemplo, uma em cada quatro mortes, a partir de 2050, poderá ser atribuída a infecções resistentes a antibióticos. Já na Índia, dois milhões de mortes adicionais seriam registradas anualmente.


 
R7

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