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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Soro do leite pode auxiliar tratamento de hipertensão

 Reprodução
Soro do leite, uma nova possibilidade de cuidados para os hipertensos 
Pesquisadores da Embrapa, UFRJ e UFSC revelam efeito vasodilatador da proteína
 
Rio - Compostos de proteína obtidos a partir do soro do leite têm efeitos benéficos sobre a pressão arterial e, dentro de cinco a dez anos, poderão ser usados como complemento ao tratamento de hipertensão.

A Embrapa divulgou nesta terça-feira, em seu boletim, resultados preliminares de um estudo feito em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que revela um efeito vasodilatador dos peptídeos encontrados no soro de leite, aquele resíduo de água do queijo minas, por exemplo, que também é a matéria prima dos whey protein. Por enquanto, os testes in vitro indicaram vasodilatação de 80% a 100% nas artérias aortas das cobaias, e o próximo passo será avaliar em modelo humano.
 
— Já há produtor no exterior, à base de soro do leite, que auxiliam no sono e na pressão arterial. A ideia é que, no futuro, compostos como este sejam usados de forma complementar no tratamento de hipertensos — explica a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Caroline Mellinger, que lidera dois projetos de pesquisa que buscam desenvolver um ingrediente biologicamente ativo do soro de leite, financiados pela Embrapa e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
 
Para alcançar o índice de relaxamento das artérias, os pesquisadores testaram mais de dez amostras até chegar a uma composição ideal.
 
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— Na pesquisa validamos 25 peptídeos e identificamos outros cinco com características similares, ainda não mencionados na literatura. Tais descobertas proporcionam um aumento no interesse industrial, que poderá incorporar o soro ou frações dele a diversos produtos alimentícios ou nutracêuticos — conta Luísa Rosa, mestranda do Programa de Ciências de Alimentos da UFRJ, que realizou o trabalho sob a orientação de Mellinger e da pesquisadora Lourdes Cabral.

Alimento funcional
Para avaliar a aceitação do consumidor desse ingrediente em formulações alimentícias, as pesquisadoras realizaram uma análise sensorial do produto em pó adicionado a uma sobremesa láctea comercial sabor chocolate branco. O teste foi realizado no Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental da Embrapa Agroindústria de Alimentos, sob a orientação da pesquisadora Rosires Deliza.
 
Cem provadores participaram do teste cego, com e sem o ingrediente funcional. Dentre os cem provadores registrados, oitenta e um atribuíram notas maiores que 7 à sobremesa adicionada de peptídeos e 78% relataram que certamente a comprariam. Em relação à sobremesa comum, apenas 71 pessoas atribuíram nota maior que 7 e 66% delas a compraria. A preferência do consumidor se mostrou maior pela sobremesa com ingrediente funcional.
 
Outra questão da pesquisa é o aproveitamento de um resíduo que atualmente é descartado no meio ambiente. Segundo a Embrapa, cada quilo de quejo gera, em média, oito litros de soro, o que significa uma produção anual de mais de quatro bilhões de litros deste subproduto no Brasil.
 
Anualmente, estima-se que metade desse montante é descartado no meio ambiente, o que representa mais de dois bilhões de litros.
 
— Este dado é alarmante, não só pelas perdas comerciais e de geração de renda ao setor produtivo, mas também pela forma de descarte inadvertido, como efluentes não tratados, gerando alta taxa de contaminação orgânica na água e resultando em um grande problema ambiental — lamenta Caroline Mellinger.
 
O Globo

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