A velha métrica de que os pacotes interessam às operadoras e não interessam aos hospitais é coisa do passado. Os pacotes começaram errado na área da saúde, e por conta de terem sido mal definidos se transformaram em transtorno para os dois lados, gerando controvérsia e atrapalhando o controle operacional, justamente ao contrário do que se desejava. Para a operadora o pacote significa melhorar o controle dos custos, dando previsibilidade à despesa que a conta vai gerar, e para os hospitais, se trabalharem corretamente, também ! A questão dos pacotes sempre é: existe protocolo de atendimento correspondente ? Se a resposta for não: esqueça o pacote. A recomendação não é apenas para o hospital esquecer o pacote – a operadora também deve abandonar a proposta do pacote se não existir protocolo de atendimento relacionado a ele, porque o custo da gestão das glosas e da crise é muito maior do que a aparente economia que o pacote dá. Em tempo: quando citamos protocolo aqui não é apenas o protocolo clínico – deve descrever em detalhes os insumos envolvidos, que é a base da formação dos custos e do preço. Bem ... existindo o protocolo o pacote pode ser bem definido, porque estão definidas as regras básicas que definem os custos, e conseqüentemente o preço, envolvido, ou seja, em que condições o pacote se aplica: -Dados demográficos básicos do paciente: faixa etária, faixa de peso e altura, sexo, etc. É perda de tempo definir, por exemplo, um pacote para laparoscopia exploratória que sirva para um recém nascido ou para um idoso de 90 anos, ou para um adulto de 30 anos;
-Condições pré-existentes do paciente. Também não dá para definir o pacote de laparoscopia sem considerar se é para um indivíduo normal, ou com obesidade mórbida, cardiopata grave, exageradamente hipertenso;
Onde começa e onde termina o pacote, definindo claramente quantos dias de internação, qual ou quais os tipos de diárias envolvidas, se inclui honorários, quais os medicamentos e materiais incluídos ... enfim até que ponto o atendimento será considerado como pacote e a partir de quando a conta deve ser aberta.
Os pacotes que auxiliam, ao invés de atrapalhar ... os que não acabam virando pauta nas longas e tediosas reuniões de discussões de auditoria e glosas, são aqueles que, baseados nos protocolos, definem claramente estas condições. Acredito que nem seja necessário comentar que o tal do 8 ou 80 do passado ... aquele que definia que o atendimento ou é ou não é pacote, sem meio termo, também caiu de moda – hospitais e operadoras aprenderam que mesmo que o pacote seja parcial em relação ao total da conta, quando bem definido é bem vindo, porque elimina uma carga de serviço operacional que vale a pena para ambas as partes. Um dia vamos ter pacotes definidos por entidades de classe (AMB, ANS e as demais entidades representativas de classe do segmento da saúde), baseados em protocolos de mercado (o que os outros segmentos de mercado chamam de melhores práticas), com regras bem claras de aplicação ... ... e hospitais e operadoras apenas negociação a precificação e não o conteúdo (Deus há de querer ! – este dia há de chegar !). Enquanto isso não ocorre, a melhor receita para trabalhar pacote passa por 4 etapas simples: -O hospital define o protocolo, e obtém a aprovação dos profissionais assistenciais (a aprovação é fundamental ... acho que não é necessário discutir isso, não é verdade?);
-O hospital estabelece o custo correspondente, e os preços de venda. O preço mínimo, que define o ponto em que se o preço for inferior não vale à pena praticar o pacote, e o preço máximo que é o limite a partir do qual a concorrência inviabiliza a oferta do pacote ao mercado;
-Hospital e Operadora ajustam o preço e formalizam o pacote no contrato, com prazo de validade, assim entendido um prazo de vigência do pacote a partir do qual deixa de valer;
Como um negócio só é considerado bom se as duas partes ganham, hospital e operadora avaliam periodicamente a viabilidade do pacote e renovam a sua vigência contratual. postado por Enio Salu
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