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Há menos de dois anos, cientistas relataram o sequenciamento genômico completo de um feto a partir das células do bebê recolhidas no sangue materno.
A novidade foi descrita na revista científica Nature e tornou tangível a possibilidade de decifrar completamente os genes de uma criança ainda no primeiro trimestre de gestação.
O procedimento levou a discussão sobre testes pré-natais a um nível ainda mais elevado de complexidade. Hoje, a comunidade médica mundial se debruça sobre questões éticas e políticas em torno das informações genéticas que os pais podem obter não só sobre o desenvolvimento de doenças graves congênitas, mas sobre possíveis traços físicos, como se o filho ser careca ao se tornar adulto.
A discussão foi levantada recentemente por professores da Escola de Medicina de Harvard e do Centro de Bioética do Brigham and Women’s Hospital, ambas instituições dos EUA, na respeitada publicação científica New England Journal of Medicine.
Atualmente, esse tipo de teste é feito com maior frequência por meio de procedimentos invasivos, realizados apenas se há uma indicação médica importante, quando a mãe está em uma idade avançada ou se há risco de alguma anomalia cromossômica, por exemplo. Isso se houver uma suspeita que justifique o exame, que, além de caro, traz risco à gestação.
A relutância em prover aos pais acesso a outros tipos de informação genética, incluindo testes para doenças incuráveis que só se instalarão na vida adulta, tem como base a percepção de que pode trazer alguns perigos à criança.
A relutância em prover aos pais acesso a outros tipos de informação genética, incluindo testes para doenças incuráveis que só se instalarão na vida adulta, tem como base a percepção de que pode trazer alguns perigos à criança.
Preocupações comuns são a carga psicológica da informação sobre os pais e a criança, os efeitos negativos na autoestima, a alteração na forma de a família perceber a criança e a discriminação.
O sequenciamento genômico completo pode levar até mesmo a descobertas inesperadas, como atribuição incorreta de paternidade ou de condições sem relevância clínica.
Correio Braziliense
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