O orgasmo está na cabeça: segundo um novo estudo da Universidade de
Louvain, na Bélgica, a habilidade de uma mulher de chegar ao clímax pode
ter muito a ver com a sua capacidade de se concentrar em seu corpo e
orientar seus pensamentos de certa forma
Quando começaram a estudar o orgasmo feminino, os pesquisadores não
faziam ideia de que o aspecto cognitivo fosse tão importante no sexo
quanto seus resultados sugerem.
Para o estudo, eles recrutaram 251 mulheres francesas com idades
entre 18 a 67 anos. 176 dessas mulheres se definiram como “orgásticas”, o
que significa que tinham orgasmos regularmente durante o sexo, e 75 se
definiram como “não orgásticas”, o que significa que relataram ter
dificuldades em atingir o orgasmo durante o sexo.
Todas as mulheres eram sexualmente ativas, com uma frequência de
atividade sexual variando entre duas a 90 vezes por mês. Quase 90% delas
eram heterossexuais.
As participantes responderam a perguntas sobre emoções, pensamentos e
comportamentos que normalmente desempenham um papel na capacidade de
atingir o orgasmo, tanto durante o sexo quanto durante a
autoestimulação.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres que tinham orgasmo com
frequência durante o sexo relataram ter mais pensamentos eróticos
durante suas relações sexuais do que as que não tinham orgasmos
regularmente durante o sexo.
No entanto, ambos os grupos de mulheres relataram ter quantidades
iguais de pensamentos eróticos durante a autoestimulação, ou seja,
quando estavam obtendo prazer sozinhas, sem os seus parceiros
românticos.
“Parece que as mulheres não têm nenhum problema em focar em fantasias
eróticas quando estão por conta própria”, explica a principal autora do
estudo, Pascal De Sutter. “Mas as mulheres que não têm orgasmo
regularmente durante o sexo parecem ter mais dificuldades em concentrar
sua atenção no momento presente quando têm relações sexuais com seus
parceiros”.
Segundo De Sutter, preocupações sobre aparência ou peso também podem
distrair algumas mulheres quando elas estão na presença de um parceiro.
O poder da mente
Os resultados desse estudo estão de acordo com os achados da pesquisa
existente sobre o assunto. Ou seja, tudo indica que existe uma ligação
entre a falta de pensamentos eróticos durante a relação sexual e a
dificuldade em atingir o orgasmo para as mulheres.
O estudo também determinou que as mulheres que tinham dificuldades em
atingir o orgasmo eram mais propensas a ser distraídas por pensamentos
que não estavam relacionados com sexo durante a relação sexual.
Elke Reissing, diretora do Laboratório de Pesquisa Sobre Sexualidade
Humana na Universidade de Ottawa (Canadá), disse que as novas
descobertas sobre a importância dos pensamentos eróticos durante o sexo
poderiam ajudar as mulheres a ter orgasmos, por exemplo, empregando
técnicas para aumentar a sua capacidade de se concentrar em suas
sensações físicas durante a relação sexual.
Segundo ela, existem evidências na literatura científica de que
abordagens como a técnica de atenção plena (uma técnica de meditação)
são muito bem sucedidas no tratamento de disfunções sexuais. Tais
abordagens têm como objetivo ajudar as mulheres a se concentrar no
momento presente durante o sexo e, assim, a aumentar a sua excitação e
atingir o orgasmo.
E se por acaso você acha que está sozinha nessa de não conseguir chegar lá,
não se desespere. Como as respostas das mulheres mostraram diferenças
relacionadas com a idade – as mais jovens eram mais propensas a ter
problemas com o orgasmo do que as mais velhas -, é provável que exista
um aspecto de aprendizagem em ser capaz de atingir o orgasmo de forma
mais confiável ou frequente.
Ou seja, nem tudo está perdido. Na verdade, tudo pode ser aprendido –
através, por exemplo, do uso de pensamentos eróticos, como sugere esse
novo estudo.
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