Hipertireoidismo na gravidez aumenta risco de pré-eclâmpsia e aborto espontâneo
A tireotoxicose ocorre quando os tecidos do organismo são expostos a quantidades excessivas de hormônios tireóideos, isto é, ao T3 e ao T4. Assim, o termo tireotoxicose abrange todas as condições que elevam as concentrações sanguíneas de tais hormônios, desde as doenças da glândula até a ingestão excessiva de T3 e/ou T4. Já o termo hipertireoidismo se refere ao aumento dos hormônios decorrente de uma doença da própria tireoide.
Em primeiro lugar, vale ressaltar, que as mulheres com hipertireoidismo podem ter maior dificuldade para engravidar. Na gravidez, a frequência de hipertireoidismo é de aproximadamente 0,05 a 2,9%, cuja causa mais comum é a doença de Graves. Neste caso, o organismo produz anticorpos que estimulam a fabricação de hormônios pela glândula. O diagnóstico do hipertireoidismo é realizado pelo exame de sangue que mostra os níveis de T3 e T4 aumentados, assim como o de TSH (hormônio estimulador da tireoide) baixo.
A presença de níveis elevados dos hormônios tireóideos durante a gestação pode resultar em vários problemas tanto para a mãe quanto para o feto. Os quadros 1 e 2 relacionam algumas complicações que podem aparecer, especialmente quando o hipertireoidismo é grave.
Quadro 1 - Complicações maternas da tireotoxicose na gestação:
- Abortamento
- Hipertensão arterial da gravidez (pré-eclampsia e eclampsia)
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Edema agudo de pulmão
- Arritmias cardíacas
- Crise tireotóxica
- Descolamento prematuro de placenta
Quadro 2 - Complicações fetais da tireotoxicose na gestação:
- Nascimento prematuro
- Nascimento prematuro
- Bócio
- Hipotireoidismo
- Hipertireoidismo
- Baixo peso ao nascer
A elevação dos níveis maternos de T4 livre no sangue parece ser o fator mais importante para o aumento das complicações maternas e fetais durante a gestação e no período neonatal.
Desse modo, é muito importante que o hipertireoidismo na gravidez seja identificado e tratado rapidamente, já que quanto pior o controle dos níveis de T3 e T4, maior é o risco para as complicações descritas.
Para que o diagnóstico mais precoce seja possível, o médico deve estar atento para as possíveis manifestações clínicas do hipertireoidismo (Quadro 3). Dependendo da gravidade, o hipertireoidismo pode ser adequadamente tratado com as menores doses possíveis de medicamentos antitireóideos para que sejam mantidos os níveis de T4 livre dentro dos valores normais e, assim, reduzidos os riscos para a mãe e para o feto (Quadro 1 e 2). Se o tratamento clínico for ineficaz, ou nos casos em que houver efeitos adversos ou, ainda, hipersensibilidade ao medicamento, o tratamento cirúrgico, no segundo trimestre da gestação pode ser considerado.
Quadro 3 - Algumas manifestações clínicas comuns da tireotoxicose e hipertireoidismo:
Obviamente, o mais adequado seria que a gravidez pudesse ser adiada até que o hipertireoidismo estivesse resolvido. Contudo, por vários motivos, a realização do diagnóstico pode ocorrer tardiamente, apenas quando a mulher já está grávida. Neste caso, o médico obstetra tem um papel fundamental, já que na maioria das vezes, ele é o primeiro a identificar esse problema. O acompanhamento será, então, realizado pelo endocrinologista durante toda a gestação e, inclusive, após o parto, de acordo com a causa do hipertireoidismo.
Referências
Quadro 3 - Algumas manifestações clínicas comuns da tireotoxicose e hipertireoidismo:
Sintomas: | Sinais: |
Aceleração dos batimentos cardíacos acima de 100 por minuto (denominada taquicardia) | Bócio |
Alterações menstruais | Eritema palmar |
Aumento do apetite | Exoftalmia (olhos saltados) |
Aumento do número de evacuações | Ginecomastia (aumento da glândula mamária no homem) |
Crescimento rápido das unhas | Pele quente e úmida |
Unhas mais frágeis e susceptíveis a quebra | Retração palpebral |
Ansiedade e irritabilidade | Taquicardia (aumento da frequência cardíaca) |
Nervosismo | Tremor |
Emagrecimento | |
Insônia | |
Fadiga | |
Fraqueza muscular | |
Intolerância ao calor | |
Edema dos membros inferiores | |
Perda de peso | |
Queda de cabelo | |
Queixas oculares: os olhos ficam parecendo maiores e mais saltados | |
Reflexos exacerbados | |
Sudorese excessiva |
Obviamente, o mais adequado seria que a gravidez pudesse ser adiada até que o hipertireoidismo estivesse resolvido. Contudo, por vários motivos, a realização do diagnóstico pode ocorrer tardiamente, apenas quando a mulher já está grávida. Neste caso, o médico obstetra tem um papel fundamental, já que na maioria das vezes, ele é o primeiro a identificar esse problema. O acompanhamento será, então, realizado pelo endocrinologista durante toda a gestação e, inclusive, após o parto, de acordo com a causa do hipertireoidismo.
Assim, quando há suspeita de hipertireoidismo na gestação, a avaliação da função da glândula é indispensável, uma vez que o aumento intenso de T3 e T4 no sangue pode resultar em graves consequências materno-fetais.
Referências
- Pinheiro AP, Costa RAA, Abbade JF, Magalhães CG, Mazeto GFS, Hipertireoidismo na gravidez: repercussões materno-fetais, Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(9): 452-8.
- Maciel LMZ, Magalhães PKR. Tireoide e Gravidez, Arq Bras Endocrinol Metab 2008; 52-7
Minha Vida
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