Carolina do Norte, EUA - Um papel mata-borrão programado pelo DNA poderá em breve dar aos médicos um teste simples que irá revelar uma infecção em 30 minutos por apenas alguns centavos.
Os pesquisadores provaram que a técnica funciona ao desenvolver um protótipo de teste de ebola em apenas 12 horas, e usando apenas US$ 20 em materiais.
Os diagnósticos inteligentes usam diversos ingredientes biológicos, incluindo o material genético. De acordo com os pesquisadores, esses ingredientes podem ser liofilizados e preservados em papel comum. O líder da equipe, Jim Collins, que trabalha nas universidades de Boston e Harvard, disse que o pó biológico pode ser reativado com a simples adição de água, como ocorre em uma sopa em pó.
- Ficamos surpresos com a forma como estes materiais trabalharam depois de serem liofilizados - disse ele à “BBC”. - Uma vez que são reidratados, esses circuitos biológicos funcionam nesses discos de papel pequenos como se estivessem dentro de uma célula viva.
Jim Collins é um líder pioneiro no campo da biologia sintética, cujo estudo de 2000 mostrando circuitos genéticos poderiam ser criados da mesma forma como os circuitos eletrônicos podem ser programados.
- Esta abordagem baseada em papel é incrivelmente atraente. Parece que você poderia usá-lo em sua garagem! Ela vai dar aos cientistas um playground da biologia sintética por um custo muito baixo - afirmou o professor Lingchong You, um especialista em reprogramação celular na Universidade de Duke.
A tecnologia do teste é baseada em genes artificiais. Os pesquisadores construíram cópias dos componentes moleculares de uma célula que são controlados por redes genéticas. Tais genes foram especialmente elaborados em laboratório para funcionar com as estruturas celulares. As proteínas do vírus interagem com uma espécie de chave genética do teste e, se houver uma combinação, ela é ativada.
O kit do teste genético possui uma saída simples de cor, transformando o papel de amarelo para roxo, com a mudança visível dentro de meia hora. Ao alterar o gatilho de entrada, as variantes do teste podem ser usadas para revelar os genes de resistência a antibióticos em infecções bacterianas ou biomarcadores de outras doenças.
O exame de ebola não está pronto para utilização nas áreas de epidemia no momento, Collins salientou, mas seria simples de conceber um que seja.
Collins assinalou, ainda, que os circuitos liofilizados são estáveis à temperatura ambiente. Em grandes partes do mundo onde a eletricidade não é confiável, ou não há geladeiras, isso seria uma vantagem particular.
- Estamos muito animados com isso - acrescentou.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário