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domingo, 29 de março de 2015

Grupo de médicos critica mercado internacional de leite materno na internet

Reprodução Fiocruz: Armazenamento de leite humano em
 banco no Brasil, onde a comercialização é proibida
Especialistas alertam para perigo de contaminação do alimento sem ficalização. No Brasil, a prática é proibida
 
Rio - A venda de leite materno pela internet apresenta riscos graves para a saúde infantil e precisa de urgente regulamentação, argumentam especialistas, em editorial publicado na terça-feira, no British Medical Journal. Endereços on-line atendem mães em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. O famoso site "Only The Breast", que entrou no ar no início de 2010, tem hoje cerca de 7.500 mães cadastradas para vender ou comprar leite materno.
 
Há, inclusive, área para doação e também para venda para homens adultos, que acreditam que o leite materno ajuda a ganhar massa muscular de forma mais rápida.
 
— Apesar de aparecer como produtos saudáveis e benéficos, muitas mães e até mesmo alguns profissionais de saúde não estão conscientes de que este mercado é perigoso e coloca em risco a saúde da criança, porque não é regulamentado — argumenta Sarah Steele, da Universidade Queen Mary, de Londres, em editorial assinado no BMJ.
 
Os benefícios nutricionais do leite materno já foram amplamente documentados. Além da pressão social, muitas mães sofrem para amamentar ou não produzem leite em quantidade satisfatória. Por meio desses sites, elas encontram mães que produzem leite a mais do que precisam e que por isso congelam o excedente.
 
Assim, o mercado on-line cresce rapidamente, sobretudo nos Estados Unidos, onde 30 ml de leite materno pode custar até US$ 4.
 
Essas mães, no entanto, não conseguem pasteurizar nem elaborar testes para doenças. Também não há garantia alguma em relação à coleta, armazenamento e transporte.
 
Por isso o alerta de especialistas para a regulamentação. Eles afirmam que o leite materno deve passar por rastreamento para doenças, tais como hepatite B e C, HIV, sífilis e outras. Dizem ainda que o leite comprado on-line tem concentração de bactérias por causa da falta de pasteurização e também em função da precariedade no transporte e armazenamento.
 
Em seu artigo, Steele cita diversos estudos. Um deles que analisou 100 amostras de leite comprado por meio desses sites, dos quais apenas nove não apresentavam bactérias. Em outro, observado por Steele, revelou que 25% das amostras de leite foram entregues com mau acondicionamento, já descongelado e contaminado com drogas e outras substâncias.
 
— Leite comprado on-line está longe de ser uma alternativa ideal, a exposição das crianças e outros consumidores a agentes microbiológicos e químicos — escreveu a autora, que afirma ser urgente a regulamentação. — Para tornar este mercado mais seguro.
 
Steele acrescenta ainda que profissionais de saúde devem ser treinados sobre o mercado online para que possam auxiliar novas mães, oferecendo alternativas seguras, especialmente para aquelas que sofrem com a ausência de leite. Assim como devem explicar sobre a ordenha e armazenamento.
 
Venda é proibida no Brasil
No Brasil, de acordo com a legislação vigente, tecidos, órgãos e fluidos corporais – como leite, sangue e saliva – não podem ser comercializados.
 
— Diferentemente dos Estados Unidos, onde não há regulamentação nem a cultura da amamentação, no Brasil a venda do leite humano é proibido. O leite materno não é uma fonte de renda e não proporciona um emprego para as mulheres — observa Danielle Aparecida da Silva, gerente do Centro de Referência Nacional e Iberoamericano para Bancos de Leite Humano. — Nosso modelo é diferente da prática nos Estado Unidos, onde não há um critério único. Lá existem bancos de leite em que a mãe paga pelo serviço de coleta, por exemplo, e há bancos em que não se paga. Por isso, esses sites ganham importância e são perigosíssimos.
 
Segundo Danielle, o leite armazenado em casa não passa por pasteurização (para eliminar possíveis bactérias) nem por controle de doenças. Além disso, o armazenamento não é adequado.
 
— Não basta congelar. Se uma casa teve pico de energia ou o simples fato de abrir e fechar o congelador, pode comprometer o leite. Nos bancos de leite o controle da temperatura é feito no termômetro e o local é usado apenas para essa função.
 
Ela observa ainda que no Brasil os bancos de leite têm funções que vão além do armazenamento. O local é ainda uma casa de apoio ao alentamento materno. Em 2014, as 214 unidades espalhadas pelo país atenderam 1.776.485 mulheres (sendo 33.804 mulheres em grupo e 1.442.681 de forma individual), além de ter feito 236.438 visitas domiciliares. Foram coletados 163.584,3 litros de leite humano para 152.692 prematuros. O número de doadoras chegou a 144.681 mulheres.
 
Além disso, desde 1993, o Ministério da Saúde tem uma portaria que proíbe a chamada "amamentação cruzada", quando uma mãe dá de mamar para um recém-nascido que não seja seu.
 
No Brasil, caso uma mulher tenha dificuldades para alimentar o filho, deve buscar orientação nesses locais, onde o leite passa por um processo de seleção, classificação e pasteurização, para ser oferecido com segurança aos bebês.
 
G1

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