Estudo liga variações no ritmo cardíaco à libido feminina e abre possibilidades para melhorar o tratamento da disfunção sexual
A disfunção sexual em mulheres pode estar associada a uma baixa variabilidade da frequência cardíaca de repouso, aponta um estudo realizado pela Universidade do Texas, em Austin (EUA). A descoberta, creem os autores da pesquisa, pode ajudar os médicos a tratar a condição com mais eficácia.
A variabilidade do ritmo cardíaco (VRC) – a variação dos intervalos de tempo entre dois batimentos cardíacos consecutivos de uma pessoa – pode indicar o quão bem um indivíduo responde a mudanças fisiológicas e ambientais. Uma baixa variabilidade da frequência cardíaca de repouso tem sido associada a várias condições de saúde mental, como depressão, ansiedade e até mesmo dependência de álcool, bem como à disfunção erétil em homens.
“Como a VRC tem sido relacionada a muitos problemas cardíacos e de saúde mental julgamos que era interessante trazer um marcador clínico estabelecido em nossas pesquisas sobre sexo”, disse Amelia Stanton, pesquisadora de pós-graduação da Universidade do Texas e principal autora do estudo.
“Isso nos permite olhar para a questão da disfunção sexual em mulheres de uma maneira totalmente diferente”, observa ela.
VRC é uma medida sensível e objetiva do sistema nervoso autônomo, que compreende o sistema nervoso simpático – ele regula a resposta do corpo para situações de luta, por exemplo – e o sistema nervoso parassimpático, que regula as ações involuntárias do corpo, como a respiração e os batimentos cardíacos. Quando o corpo está estável, o sistema nervoso parassimpático tem um maior efeito sobre a frequência cardíaca.
No entanto, a ativação moderada do sistema nervoso simpático demonstrou aumentar a excitação genital em mulheres, disse Stanton. Usando o Índice de Função Sexual Feminina, que considera domínios tais como dor, satisfação e desejo, os pesquisadores analisaram a VCR e também o relato de 72 mulheres com idades entre 18 e 39 anos para avaliar a função sexual em geral.
“O Índice de Função Sexual Feminina já demonstrou ser útil e preciso para efetivamente identificar as mulheres com níveis clinicamente significativos de disfunção sexual”, disse a coautora do estudo e psicóloga Cindy Meston, que ajudou a desenvolver o índice em 2000.
Os pesquisadores descobriram que, além de disfunção sexual geral, as mulheres com VCRs abaixo da média eram mais propensas a ter dificuldades com a excitação sexual. Com o recente apoio da FDA (a agência que regula tratamentos, medicamentos e alimentos nos Estados Unidos) ao que poderá ser o primeiro medicamento para tratar a disfunção sexual feminina, os pesquisadores acreditam que a VCR poderia ser usada como um índice para medir eventuais alterações relacionadas à ação da droga na função sexual.
“Se as evidências mostram que uma baixa VCR é um fator de risco potencial para a disfunção sexual, os médicos têm um método simples, não invasivo e de baixo custo para medir o risco de uma mulher para desenvolver disfunção sexual. Isso tornaria mais fácil o diálogo sobre o problema e ajudaria mais mulheres a obterem a ajuda de que precisam”, concluiu a pesquisadora.
iG
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