Foto: Reprodução TV TEM Três são investigados por utilizarem CRM de outros médicos |
Entre os documentos apreendidos em uma operação da Polícia Civil em hospitais de três cidades da região de Sorocaba (SP) nesta sexta-feira (17), estavam pelo menos 60 declarações de óbito assinadas pelos falsos médicos que utilizavam nomes e registros profissionais de outras profissionais. A informação é da delegada que investiga o caso, Fernanda Ueda, e o material foi recolhido em São Roque (SP).
"Essas declarações foram feitas por quatro pessoas que, em tese, não teriam habilitação. Também não se descarta que eles tenham feito a prática médica e o óbito tenha sido declarado por outro profissional. Existe uma semelhança muito grande entre os médicos falsos com aqueles dos quais eles utilizavam o CRM. Não era só o CRM que eles utilizavam, era também a qualificação do médico verdadeiro, e isso a gente tem que constatar", explica Ueda.
Nesta sexta-feira (17), dezenas de policiais cumpriram mandados de busca e apreensão nos pronto-atendimentos e Diretorias de Saúde de Mairinque (SP), São Roque e Alumínio (SP). Nos três municípios, foram recolhidos computadores, documentos e prontuários que podem comprovar as atuações irregulares. As prefeituras informaram que também estão analisando todas as fichas de profissionais que atuam na rede municipal a fim de colaborar com as investigações.
Cinco médicos irregulares foram descobertos, mas apenas três já foram identificados. Eles são Pablo do Nascimento Mussolim, que utilizava o CRM e o nome de Pablo Galvão, médico do Rio Grande do Norte, Natani Thaisse de Oliveira, que trabalhava com os documentos de Natalia Oliveira, cuja localização ainda não foi confirmada pela polícia, e outra mulher identificada apenas como Vilca, que utilizava o CRM de Cibele Lemos, profissional que trabalha no extremo norte do estado. A polícia ainda não passou os nomes dos outros dois suspeitos.
A Innovaa, prestadora de serviços responsável pelas contratações dos médicos, emitiu uma nota sobre o caso. De acordo com o comunicado, as admissões foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM) e, no caso dos médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com profissionais médicos registrados no CRM. Segundo a empresa, a falsificação desses documentos não foi detectada, inclusive porque as fotos dos profissionais só passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
Foto: Reprodução/TV Tem À esquerda, a falsa médica; à direita, perfil da verdadeira profissional |
No último sábado (11), uma mulher que atendia como médica no pronto-atendimento do município de Alumínio (SP), com o nome e registro profissional de Cibele Lemos, foi embora de um plantão sem dar justificativa à equipe que trabalhava com ela. Indignado, o diretor da unidade decidiu consultar o Conselho Regional de Medicina (CRM) para tomar uma atitude administrativa contra a mulher. Porém, ao abrir o perfil da profissional, viu que a foto não condizia com a pessoa que trabalhava no local.
Depois disso, a diretoria de Saúde, a empresa responsável pela contratação e a polícia passaram a investigar todos os profissionais contratados pela pela prestadora de serviços, que fornecia profissionais para Alumínio, Mairinque (SP) e São Roque (SP).
A médica Cibele Lemos, que teve o número do CRM usado pela falsa médica, em Alumínio (SP), negou conhecer a mulher e diz que já está tomando as providências cabíveis. "É óbvio que não a conheço. Já estou conversando com o meu advogado sobre isso", afirmou, em entrevista por telefone à equipe da TV TEM.
Nesta quinta-feira (16), outros dois supostos médicos foram flagrados com nomes e registros falsos. O homem e a mulher foram detidos pela polícia e levados para a delegacia de Mairinque para serem ouvidos. A suspeita da polícia é que os dois tenham se formado em faculdades de medicina estrangeiras, cujos diplomas não têm validade no Brasil e, por isso, utilizavam CRMs de terceiros.
De acordo com o diretor de Saúde de São Roque, Sandro Rizzi, todos os prontuários atendidos por esses médicos serão analisados. "A Santa Casa está chamando aquelas pessoas que foram atendidos por esses médicos, fazendo uma ligação para eles, para ver como é que elas estão. Aquelas que não estiverem bem, vamos convocar para passar um médico, com certeza, médico", explica.
Uma sindicância foi aberta na Santa Casa de Mairinque para investigar os mais de 50 médicos que atuam no local. O Cremesp em Sorocaba também abriu sindicância para apurar como foram feitas todas as contratações. O Conselho revelou ainda que já está disponível uma nova carteirinha, com chip e foto impressa, que deve evitar a falsificação.
iG
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