Técnica faz com que remédios ataquem somente as células cancerosas, reduzindo o efeito sobre partes saudáveis do corpo
Um novo medicamento que está em fase de testes pode revolucionar o tratamento do câncer.
Cientistas da Universidade de Munique, na Alemanha, desenvolveram uma técnica capaz de utilizar a luz para ativar os remédios especificamente nas células cancerosas. O estudo, que ainda é desenvolvido em laboratório, foi publicado nesta sexta-feira na revista “Cell” e seria capaz de evitar os efeitos das drogas de tratamento nas partes saudáveis do corpo, como acontece com a quimioterapia.
A técnica modifica as moléculas do medicamento fazendo com que entrem em atividade apenas ao receber um raio de luz azul. Dessa forma, o remédio age apenas nos locais desejados, onde existem células cancerosas. Para desativar o medicamento, basta aplicar a luz verde.
“É possível ligar e desligar os fármacos milhares de vezes utilizando luz de baixa intensidade onde e como quiser. Isso não era possível até agora. Esses primeiros remédios são menos potentes que os tradicionais, mas não estamos tentando torná-los mais potentes, estamos fazendo com que fiquem mais inteligentes. É como comparar um martelo e uma chave. O martelo é potente, mas a chave abre um cadeado muito mais rápido e sem destruir tudo ao redor”, explicou o pesquisador Thorn-Seshold.
De acordo com os cientistas, o método pode ser aplicado no futuro em tumores superficiais de pele e de retina, mas também trazem a possibilidade de se abrir um tumor interno e introduzir luzes que ativem o remédio. Thorn-Seshold explica que com as moléculas modificadas, o Paclitaxel— que já é utilizado no tratamento do câncer— se torna mais eficaz.
“São até 250 vezes mais assassinas de células quando há luz que quando não há. Temos uma droga com um fascinante novo mecanismo de ação, que mostra muito potencial”, destacou o cientista.
Os pesquisadores cultivaram células de tumores humanos e aplicaram a técnica em laboratório, mas ainda não testaram o novo método diretamente em pessoas com câncer.
O Globo
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