O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Eder Gatti Fernandes, disse hoje (15) que a demissão de mais de 1,3 mil trabalhadores da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afetará o atendimento à população. Segundo Eder, em uma das unidades administradas pela Santa Casa, o Hospital São Luiz Gonzaga, localizado no Bairro do Jaçanã, a queda no efetivo de trabalhadores chega a 25%
“Provavelmente alguns ambulatórios serão prejudicados pela falta de profissionais especializados.
Alguns procedimentos cirúrgicos também serão prejudicados. É um nível de especificidade que só tem ali. Temos hospitais, como o São Luiz Gonzaga, que perdeu 25% do seu corpo clínico e que hoje funciona completamente deficitário. Quem vai sentir isso é a população.”
Na terça-feira (13), a Santa Casa iniciou a dispensa de 1.397 funcionários, entre médicos, profissionais de saúde, técnicos de segurança e psicólogos. O corte representa uma redução de 12% no quadro de empregados. Hoje, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) autorizou a demissão de 184 médicos, que estava suspensa por liminar.
O TRT liberou as dispensas desde que cumpridas exigências como a não contratação de pessoas jurídicas em substituição aos demitidos, além do comprometimento de não desligar mais funcionários.
Para o presidente do sindicato, a origem do problema é a gestão da instituição. "Gestores estão sendo investigados e com bens bloqueados, em decorrência dessa dívida milionária. É uma dívida que se acumula, principalmente por má gestão. Agora, quem vai pagar a conta são dois grupos: os trabalhadores, que estão perdendo seus empregos, e a população, que terá assistência prejudicada.”
A liberação das demissões dos médicos pelo TRT está condicionada ainda à exigência de prioridade aos dispensados em novas contratações, caso elas ocorram dentro de 24 meses. O tribunal também propôs a forma como será feito o pagamento dos direitos trabalhistas aos demitidos. A proposta será apreciada amanhã (16), durante assembleia do Sindicato dos Médicos.
“O serviço continua sem interrupção em nenhuma das especialidades. Não existe previsão ou intenção de paralisar qualquer serviço. O nível de atendimento continua o mesmo. Estamos muito confortáveis em relação a isso”, informou o superintendente da Santa Casa, José Carlos Villela.
“O serviço que a Santa Casa presta é para o Sistema Único de Saúde. Tenho um contrato que tenho de cumprir. Não é promessa vazia de uma diretoria que está fazendo corte de custo para aumento de lucro. Essa mensagem tem de chegar à população. É um caso de sobrevivência. Estamos brigando para manter nove mil empregos. Esse foco não vamos perder.”
A instituição enfrenta dificuldades financeiras desde 2014, quando uma auditoria das secretarias estadual e municipal de Saúde de São Paulo, Ministério da Saúde e Conselho Estadual de Saúde revelou que a dívida da Santa Casa alcançava R$ 433,5 milhões.
Uma apuração externa mostrou que o montante devido pela instituição é superior a R$ 773 milhões. O valor total das rescisões anunciadas é de aproximadamente R$ 60 milhões.
Agência Brasil
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