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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Gestão de custos, um caminho para a saúde privada

Por Franklin Lindolf Bloedorn*

Com a crise financeira e o crescente índice de desemprego no país, as instituições de saúde privadas terão de se reinventar nos próximos anos e adotar um novo modelo de gestão para reduzir os custos com o tratamento do paciente, conseguir recuperar os cerca de 2 milhões de beneficiários que deixaram os planos de saúde e manter a qualidade na prestação de serviços aos seus usuários.

O Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, registrou alta de 19% em 12 meses, ficando neste patamar no primeiro trimestre de 2016, bem maior que a inflação no período, que foi de 9,4%. Um dos fatores que tem contribuído para este aumento elevado é o modelo de pagamento por procedimentos de serviços de saúde, chamado de "fee for service". O sistema é insustentável e tem pressionado o setor, encarecendo o custo dos tratamentos médicos-hospitalares e, consequentemente, o preço final dos planos de saúde.

Num cenário de austeridade, torna-se urgente a necessidade de mudança do sistema de remuneração deste mercado, englobando o tratamento como um todo e não por cada procedimento, como é hoje. Isso, certamente, auxiliará no controle de gastos que continuam subindo acima da inflação. Os prestadores de serviços de saúde também devem estar mais comprometidos, do início ao fim do cuidado. Esse esforço deve envolver ainda os profissionais da assistência e o médico, que no modelo atual acaba não tendo a visão de todo o tratamento proposto ao paciente.

Há ainda a necessidade de interagir com as comunidades, para entender as razões de certas enfermidades acometerem determinadas populações, e desenvolver estudos sobre os temas e programas de prevenção. Desta forma, os recursos alocados trarão mais benefícios, a médio e longo prazo, e as instituições de saúde passarão a ter mais foco naquilo que de fato deve ser sua atuação, ou seja, o atendimento a pacientes que necessitam de internação hospitalar ou procedimento ambulatorial.

Outro fator importante é a compreensão de conceitos produtivos, que são extremamente úteis aos gestores, sejam assistenciais ou não. Ter conhecimento sobre volume de compras, economia em escala, redução de desperdícios, capacidade instalada versus demanda e inúmeros outros recursos de gestão, que ainda não chegaram a muitas instituições de saúde. É preciso definir o que fazemos bem e porquê, e o que não fazemos tão bem. Parece óbvio, mas não é. Isso auxilia muito na equalização das contas.

No contexto atual das instituições de saúde brasileiras, qualquer modelo de custeio que venha a adotar será salutar. O custeio direto e por absorção, por ser de mais fácil implementação, certamente trará resultados com mais rapidez para a organização que não estiver utilizando nenhum modelo ainda. A gestão dos custos permitirá viabilizar processos mais seguros e, consequentemente, aprimorar a qualidade e a segurança da assistência prestada ao paciente.

* Franklin Lindolf Bloedorn é economista e avaliador da Joint Commission International (JCI). É professor da disciplina Gestão de Custos nas Instituições de Saúde do curso de pós-graduação Qualidade em Saúde: Gestão e Acreditação, do CBA em parceria com a PUC-Rio e do MBA Qualidade em Saúde: Gestão e Acreditação, do CBA em parceria com a Faculdade de Educação em Ciências da Saúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Maria Beatriz Fafiães
Assessora de imprensa
www.sbcomunicacao.com.br

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