A poluição fez diminuir a quantidade de peixes na Represa Billings, na Zona Sul de São Paulo. No lugar da vida aquática, atualmente é fácil encontrar carcaças de carros abandonados no manancial
Lambaris vivem na Billings (Foto: Reprodução/TV Globo)
A represa é cercada por invasões tanto do lado de São Paulo quanto dos municípios do ABC, o que significa esgoto indo direto para a água. “Muita gente deixou de viver da pesca e passou a trabalhar fora, para manter a família. Porque o peixe está escasso, cada vez mais escasso”, disse a líder comunitária Anatália Rocha, moradora da Ilha do Bororé, no extremo sul da cidade.
Maria Necy é mulher de um ex-pescador. “Ele pescava para a gente poder viver, comer. Acabou o peixe. Tanto que ele não vem mais. A gente se virou e abriu um comércio.”
E é justamente para entender os efeitos da poluição na vida aquática da represa que um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo vem estudando, há mais de dez anos, algumas espécies encontradas na Billings.
“Em ambientes impactados, como o reservatório Billings, há uma grande tendência de dar uma queda na abundancia dos animais, ou seja, a diversidade cai”, disse o biólogo Carlos Eduardo Tolussi.
Poucas espécies resistem a tanta sujeira. Os lambaris são algumas dessas exceções. “A gente consegue dizer que esses animais têm o que a gente chama de plasticidade”, disse a coordenadora da pesquisa, Renata Guimaraes Moreira Whitton. “Então significa que eles conseguem ajustar o seu organismo de acordo com a condição do meio, alterando o período reprodutivo, alterando concentração de alguns hormônios, número de ovos, então tem algumas estratégias.”
A pesquisa aponta para uma grande concentração de medicamentos anticoncepcionais que chegam na água da Billings pelo esgoto. Isso afeta o equilíbrio ambiental. “Esses animais, a partir do momento que eles passam a produzir hormônios femininos, eles deixam de produzir os hormônios que vão garantir o processo de maturação do espermatozoide. E com isso a reprodução pode vir a falhar”, afirmou a bióloga Aline Dal’Olio Gomes.
G1
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