Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Novos antidepressivos tem menos efeitos colaterais: não interferir no peso é um deles

Conhecidos como antidepressivos multimodais, essa nova classe de medicamentos para o tratamento da depressão tem chamado a atenção pelos benefícios em relação aos remédios até então disponíveis

Presente nas farmácias do Brasil há pouco mais de um ano, os multimodais não demonstram perda de função sexual, tampouco interferem no peso e não influenciam na parte cognitiva dos pacientes – efeitos comuns dos antidepressivos antigos.

Até mesmo o mecanismo de ação destes medicamentos é diferente. Ao contrário dos antidepressivos tradicionais, que atuavam nos receptores de serotonina, noroadrenalina e dopamina, os multimodais atuam em um número maior de receptores e neurotransmissores, inclusive no glutamato. Com isso, conseguem trazer benefícios diferentes, embora não possam ser considerados como remédios “melhores” do que os anteriores.

“Trata-se de um bom antidepressivo, mas é bom tanto quanto vários outros. Ele não é melhor que os outros até porque, muito provavelmente, ele tem uma deficiência grave, que é não atuar sobre a ansiedade. Ainda não podemos confirmar essa falha, porque não há estudos que associem o uso destes medicamentos com a ansiedade”, explica Ricardo Manzochi Assmé, médico psiquiatra e diretor secretário da Associação Paranaense de Psiquiatria.

Essa deficiência é considerada grave, na visão do médico psiquiatra, porque a maioria das depressões carrega um fator de ansiedade. “Uma pessoa deprimida não está apenas triste, indisposta e sem energia. Ela também está preocupada, com medo de que as coisas deem errado, com medo de que ela falhe. Essa parte é a ansiedade”, reforça Assmé.

Memória e concentração protegidas
Por outro lado, uma qualidade importante dos multimodais é a proteção cognitiva que ele traz, que é defendida por Saint Claire Bahls, médico psiquiatra psicoterapeuta, professor dos cursos de Medicina e Psicologia da Universidade Positivo. A cognição diz respeitos aos processos do pensamento, da concentração e da memória dos pacientes.

“Do ponto de vista mercadológico, é uma mina de ouro, porque um medicamento que melhore um pouco a memória dos pacientes deprimidos vai ser espetacular. Outros antidepressivos tentaram justificar a mesma ação, mas não é um efeito marcante, nem consistente”, explica o professor.

Dos nove sintomas essenciais para diagnosticar a depressão, um deles é o prejuízo à função da memória e da concentração – ao lado de tristeza, perda de prazer, falta de energia, insônia, apetite aumentado ou diminuído, desesperança, culpa e pensamentos de morte. Além disso, o uso contínuo de medicamentos antidepressivos pode também afetar a cognição.

“É importante lembrar que os antidepressivos multimodais devem ser indicados a um nicho de pacientes, com um subtipo de depressão e que sofrem com efeitos colaterais mesmo em uma concentração baixa da substância. Não são todos que sofrem os efeitos dos medicamentos, que são prescritos em doses baixas” – Ricardo Manzochi Assmé, médico psiquiatra e diretor secretário da Associação Paranaense de Psiquiatria.

Gazeta do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário