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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Quantidade de proteínas ingeridas pode ser crucial em câncer colorretal

A quantidade de proteínas ingeridas na dieta pode ser um fator importante para prevenir o câncer colorretal em certos grupos de risco, diz um estudo do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO, na sigla em espanhol) da Espanha


A medicina já tinha conhecimento de que fatores como a dieta e a inflamação intestinal têm papel importante no desenvolvimento dessa doença, mas os vínculos diretos entre nutrientes, inflamação e câncer colorretal ainda não foram comprovados.

O trabalho do CNIO, publicado nesta quinta-feira na revista “Cell Metabolism”, explica que as pessoas que já sofrem com a doença inflamatória intestinal poderiam se beneficiar de uma dieta rica em proteínas. Por outro lado, uma dieta baixa em proteínas poderia ser o mais adequado para quem têm predisposição genética para o câncer de cólon. Além disso, o trabalho revela porque um determinado tipo de medicamento utilizado contra o câncer colorretal (os inibidores do complexo de proteínas mTORC1) praticamente não tem efetividade em alguns pacientes, uma descoberta que “abre caminho para otimizar e personalizar os tratamentos”, afirmaram os pesquisadores em sua publicação.

Mais de 75% dos casos de câncer colorretal são atribuídos a causas ambientais, pois não estão associados a fatores genéticos. Tudo indica que hábitos como uma alimentação inadequada, a falta de exercícios físicos e o tabagismo podem afetar o sistema digestivo e levar a doenças inflamatórias, como a doença de Crohn e a colite ulcerosa, que frequentemente evoluem para o câncer colorretal. No entanto, os mecanismos precisos que vinculam a dieta, a inflamação e o câncer colorretal não são muito bem conhecidos.

Para estudá-los, Nabil Djouder, chefe do Grupo de Fatores de Crescimento, Nutrientes e Câncer do CNIO, se concentrou em mTORC1, um complexo de proteínas que funciona como sensor de nutrientes. O estudo foi realizado em ratos modificados geneticamente e os resultados foram confirmados com amostras humanas de inflamação intestinal (causadas pela doença de Crohn e a colite ulcerosa) e câncer colorretal.

Alguns tratamentos contra o câncer de cólon agem sobre mTORC1 inibindo sua atividade, mas nas experiências clínicas é possível observar que os inibidores de mTORC1 são praticamente ineficientes em determinados pacientes. O trabalho de Djouder mostra que inibir mTORC1 pode ser mais benéfico nos cânceres colorretais que têm base genética importante, especialmente nos pacientes que têm uma mutação no gene APC, que representam menos de 5% de todos os casos.

Quanto aos outros tipos de câncer colorretal, que são maioria e que se desenvolvem em pessoas com inflamação intestinal e sem origem genética, a estratégia de prevenção passa por promover a atividade de mTORC1, segundo o estudo. Os cientistas descobriram que se mTORC1 for inibido nos ratos com doença inflamatória, o câncer avança.

Em seguida os especialistas concluíram que se o câncer colorretal se deve a mutações no gene APC é melhor inibir mTORC1, e se estiver associado à inflamação intestinal esta proteína deve ser ativada, o que se consegue através da alimentação. Os investigadores afirmam que uma dieta rica em proteínas, por exemplo, utilizando suplementos de proteína de soro de leite, promove a atividade de mTORC1 e pode reduzir a formação de tumores em ratos com inflamação gastrointestinal crônica.

Por outro lado, “uma dieta baixa em proteínas pode ser uma opção para prevenir o câncer colorretal em pacientes com uma predisposição genética, por exemplo, aqueles que apresentam mutações no APC, enquanto que uma dieta rica em proteínas poderia proteger os pacientes com doença inflamatória intestinal”, segundo os autores. “Os nossos resultados podem ter implicações importantes para o uso clínico dos inibidores de mTORC1, bem como para abrir novos caminhos para otimizar e personalizar os tratamentos contra o câncer colorretal”, concluíram os especialistas do CNIO.

UOL

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