Mais de um ano após a aprovação do primeiro medicamento à base de cannabis no Brasil, o remédio, indicado para pessoas com esclerose múltipla, deve chegar às farmácias em março. O preço elevado, no entanto, faz médicos e pacientes questionarem quem conseguirá, de fato, ter acesso a ele. Cada caixa custará, em média, R$ 2.500 – o valor máximo que poderá ser cobrado é R$ 2.837,40 –, com três frascos que cobrem o tratamento por pouco mais de um mês.
Chamado no país de Mevatyl – e aprovado em outras 28 nações com o nome de Sativex –, o medicamento é indicado para quem sofre de espasticidade por causa da esclerose múltipla. Trata-se de uma rigidez em determinadas partes do corpo, principalmente nas pernas.
Segundo Andréa Viana, gerente médica da Ipsen, empresa que conseguiu o registro do remédio junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2017, a previsão é que o Mevatyl comece a ser vendido no país em pouco mais de um mês. Originalmente, a comercialização era esperada para julho do ano passado. Depois, o prazo passou a ser até fins de 2017.
“O medicamento já está no Brasil, já foi importado. Mas os trâmites burocráticos levaram mais tempo do que imaginávamos”, afirmou Andréa a “O Globo”. Houve atraso de precificação, depois levou tempo para a importação ser aprovada, e o remédio precisou passar por controle de qualidade na saída do local de origem, o Reino Unido, e na entrada no país de destino, o Brasil.
Quanto ao preço, não há previsão de que venha a ter alguma redução. Os valores foram definidos em julho passado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed). “Por enquanto, não há como abaixar o preço”, diz Andréa. Segundo ela, o valor é o mesmo cobrado em outros países onde o medicamento é comercializado.
A esclerose pode se manifestar por meio de diversos sintomas, como depressão, fraqueza muscular, alteração da coordenação motora, dores articulares e disfunção intestinal e da bexiga. Um dos mais comuns é a espasticidade – rigidez de uma parte do corpo, que afeta principalmente as pernas, e a incapacidade do paciente de relaxar esta parte de forma voluntária. É esse sintoma o alvo do primeiro remédio à base de cannabis aprovado no país.
Foto: Reprodução
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