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terça-feira, 6 de março de 2018

Cientistas desenvolvem terapia virtual contra paranoia e ansiedade

Mais testes são necessários para confirmar os benefícios a longo prazo desse tipo de tecnologia, que simula estar em uma realidade cheia de avatares virtuais

Uma terapia que combina realidade virtual com tratamentos tradicionais, desenvolvida por cientistas na Holanda, pode se tornar um grande aliado para combater a paranoia e a ansiedade em pessoas com transtornos psicóticos. Testes clínicos realizados em 116 pacientes tiveram resultados promissores, descreveram cientistas na revista The Lancet Psychiatry. Segundo o estudo, os exercícios tornaram as relações sociais dos pacientes menos tensas.

Embora animado, o grupo de especialistas liderado por Roos Pot-Kolder, da VU University da Holanda, destaca que mais testes são necessários para confirmar os benefícios a longo prazo desse tipo de tecnologia, que simula estar em uma realidade cheia de avatares virtuais.

Estima-se que até 90% dos pacientes com psicoses têm pensamentos paranoicos, o que os leva a perceber ameaças onde não há nenhuma. Como resultado, muitos evitam lugares públicos, assim como o contato com pessoas, passando muito tempo sozinhos. A terapia cognitivo-comportamental (CBT), em que os pacientes recebem ajuda para superar problemas que parecem esmagadores, ajuda a reduzir a ansiedade, mas faz pouco para controlar a paranoia. Daí a expectativa em torno do novo estudo.

Para o teste, os 116 participantes receberam um tratamento tradicional, com medicação antipsicótica e consultas com o psiquiatra. Metade deles também praticou interações sociais em um ambiente virtual. Essa parte da terapia consistiu em 16 sessões de uma hora de duração, num período de entre oito a 12 semanas.

Os pacientes foram expostos, por meio de avatares virtuais, a situações sociais que provocariam medo e paranoia em quatro cenários: a rua, o ônibus, o café e o supermercado. Os terapeutas podiam alterar a quantidade de avatares, sua aparência e se as respostas já registradas para o paciente eram neutras ou hostis. Os especialistas também aconselhavam os participantes, ajudando-os a explorar e testar seus próprios sentimentos em diferentes situações.

Eles foram avaliados no início do teste, três meses e seis meses depois. O estudo revelou que a exposição à realidade virtual não aumentou o tempo que os participantes passaram com outras pessoas, mas, sim, a qualidade das interações. “A adição da realidade virtual aos tratamentos tradicionais reduziu os sentimentos paranóicos e o uso de comportamentos ansiosos em situações sociais, em comparação com a terapia padrão sozinha”, resumiu a autora principal, Roos Pot-Kolder.

Foto: Reprodução

Saúde Plena

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