Superbactéria KPC é resistente a 95% dos medicamentos, sendo responsável por aumentar índice de morte entre os pacientes
Existe uma quantidade quase infinita de bactérias no mundo, segundo os especialistas. Algumas podem nos fazer bem, outras são responsáveis por doenças e epidemias. Entre elas, existe um grupo chamado de superbactérias, que são resistentes a um número muito grande de medicamentos. A resistência bacteriana é considerada uma das principais ameaças à saúde global.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por ano, cerca de 700 mil pessoas morrem por causa dessas superbactérias. A previsão é que esse número suba para 10 milhões de mortes até 2050. Entre as superbactérias está a Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC). Ela existe há muito tempo, mas, a partir do início dos anos 2000, desenvolveu um gene de resistência, o que passou a dificultar muito o tratamento. Hoje, a KPC é resistente a cerca de 95% dos antibióticos ou antimicrobianos existentes no mercado.
É contra esta bactéria que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento. O Torgena é o primeiro antibiótico específico para o combate desta bactéria. Ele é uma combinação do antibiótico ceftazidima com o avibactam, molécula que confere ao produto maior eficácia sobre a KPC e outras bactérias multirresistentes. A diretora médica do Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas da USP, Flávia Rossi, explica que esta superbactéria é um problema que afeta praticamente todos os hospitais do Brasil.
“Ela vive em ambiente hospitalar e possui uma resistência muito alta. Para impedir que ela contamine os pacientes é preciso a colaboração de toda a equipe, desde a higienização das mãos e dos locais até um número suficiente de profissionais para o cuidado de cada paciente e um processo ágil de diagnóstico, capaz de identificar o mais rápido possível a presença desta bactéria”. De acordo com a especialista, a KPC pode causar qualquer tipo de infecção: urinária, na pele, no sangue ou em algum órgão.
“Como a KPC é resistente aos antibióticos, é muito difícil tratar o paciente infectado, por isso a mortalidade é muito alta, principalmente entre os pacientes mais graves e os imunodeprimidos, que são aquelas pessoas que possuem um sistema imunológico debilitado, como transplantados e portadores de HIV”. Para Flávia Rossi, o fato de a Anvisa ter aprovado o uso de um antibiótico que apresenta eficácia contra esta superbactéria vai salvar muitas vidas. “A KPC está se espalhando de forma muito agressiva e ter um medicamento eficaz contra ela significa uma nova possibilidade terapêutica”.
R7
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