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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Manifestantes se reúnem para tomar overdose de remédios homeopáticos em SP

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO Neste sábado, quem passou pela tradicional feirinha de antiguidades da praça Benedito Calixto, em São Paulo, se deparou com um protesto um tanto inusitado: cerca de vinte manifestantes se reuniram para tomar uma overdose de remédios homeopáticos. Especialistas reagem a protesto contra homeopatia O evento faz parte de uma manifestação global que vai ocorrer em outras 79 cidades do mundo inteiro neste fim de semana --uma campanha encabeçada pelo grupo britânico 10:23. A ideia, segundo os organizadores do movimento, é protestar contra a falta de evidências científicas que demonstrem a eficácia dessas medicações. Às 10h23 da manhã, pontualmente, os céticos paulistanos entornaram vidros inteiros de remédios homeopáticos. O horário é uma alusão à constante de Avogadro, referência usada na química para calcular quantidades de substâncias. "Isso é o que eu chamo de suicídio homeopático", disse um dos manifestantes após sorver todo o seu comprimido. 'Se eles realmente funcionassem, eu estaria agora caído no chão, com espuma saindo pela boca'. O analista de sistemas Kentaro Mori, um dos coordenadores do protesto, também não parecia temer qualquer efeito colateral de uma suposta overdose. "Todas as leis da física e da química garantem que não vai dar nenhum efeito", disse ele, após virar uma dose inteira do composto feito à base beladona, uma planta tóxica que é diluída para produzir muitos desses remédios. "A diluição é tão grande que para se achar uma única molécula da substância teríamos que administrar 6 bilhões de doses para 6 bilhões de pessoas durante 4 bilhões de anos", completou o também analista de sistemas Carlos Bella, 38, que comprou seis frascos por R$ 50 para fazer o protesto. "Dá pra ver que é o açúcar mais caro do mundo", ironizou o advogado Alexandre Medeiros, 40. Alguns instantes depois, aproximou-se um grupo de terapeutas homeopatas e adeptos dessas medicações. A designer gráfica Marisa Luiz, 53, que toma esse tipo de remédio há mais de cinco anos, classificou o protesto como uma "palhaçada". "Eles não conhecem princípios da homeopatia. Se eles realmente quisessem uma overdose, teriam que tomar várias vezes ao dia, e não assim, de uma vez só", afirmou. Rubens Dolce Filho, presidente da Associação Paulista de Homeopatia, concorda. "Isso é uma bobagem enorme. Não existe overdose em homeopatia dessa forma." A terapeuta homeopata Ana Paula Macedo começou a notar que alguns dos céticos apresentavam sinais no corpo de possíveis efeitos colaterais da superdosagem. "Alguns estão com pontos vermelhos nas faces e estão tomando muita água porque a boca está seca. É um sinal de que está acontecendo alguma coisa". O biólogo Yuri Grecco, 32, do grupo de manifestantes, rebate: 'Dizer isso é de uma desonestidade intelectual tremenda. Eu suo o dia inteiro porque sou obeso e o sol está bem forte'. Bella resume a ideia do movimento: "Não estamos lutando contra um laboratório específico. Estamos alertando para uma situação em que há dinheiro público financiando tratamentos e pesquisas sem que haja demonstração de que a homeopatia tem uma base, que é uma ciência". http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/871244-manifestantes-se-reunem-para-tomar-overdose-de-remedios-homeopaticos-em-sp.shtml

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