Em um pais com nosso no qual a restrição orçamentária é um aspecto significativo, não adianta gastar tremenda energia para análise de custo-efetividade e entender que está resolvido. Muitas vezes, as análises farmacoeconômicas publicadas tem erros metodológicos importantes e construção inadequada. Vou direto ao ponto: os desfechos são ruins!
Mudanças de marcadores bioquímicos, níveis séricos de uma ou outra substância e tempo de meia vida.... nenhum com a sólida correspondência clínica que se espera: não nos servem e, principalmente, pouco servem aos pacientes.
Em estudos clínicos, há um crescente número de estudos que definem como desfecho primário o “tempo para progressão” e “tempo para recaída”. Podem parecer interessantes no primeiro momento mas a falta de condição de traduzir um resultado que pode ser ou não clinicamente relevante dá muita intranqüilidade. Por exemplo: se determinada intervenção atrasa em 3 meses a progressão de uma doença pode parecer ótimo.... mas se os riscos e efeitos colaterais forem altos, pode ser só uma troca de doença por toxicidade. Tem sentido? Vou dar um crédito aos autores e vamos buscar esta informação no artigo: não tem!! Nenhuma linha sobre qualidade de vida.
Estou aproveitando o feriado para colocar algumas leituras em dia, inclusive de alguns estudos de fase III de grande porte que se propõe a mudar a vida de pacientes com câncer. Incrível como sobrevida global clinicamente significativa e qualidade de vida é uma exceção nos desfechos.
Para realizar estudos de farmacoeconomia, como custo-utility (para quem não está familiarizado, deixo a dica de conferir os primeiros posts deste blog), precisamos de desfechos consistentes, como aumento de sobrevida global e, idealmente, ganho ajustado por qualidade de vida..... e não é para facilitar nossa vida.. é para podermos oferecer aos pacientes estratégias que tragam ganhos que mereçam ser festejados.
postado por Stephen Stefani
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