Uma moradora de Berlim foi diagnosticada com Mauerkrankheit, ou “doença do muro”, resultado de viver por muito tempo perto do muro erguido há 50 anos, em agosto de 1961, e que dividiu a cidade alemã durante quase três décadas.
O muro de Berlim dividiu uma cidade, famílias e deixou em algumas pessoas uma sensação de confinamento cujos resquícios ainda persistem em 2011.
Gitta Heinrich, que morava nas proximidades do muro, atualmente não tem muros em volta de sua casa em Berlim. As cercas são de árvores e arbustos e, dentro de sua casa, as portas ficam abertas entre as salas.
Heinrich evita até hoje espaços fechados com multidões. A alemã vive no vilarejo de Klein-Glienicke, nos limites da capital alemã.
O muro de Berlim dividiu uma cidade, famílias e deixou em algumas pessoas uma sensação de confinamento cujos resquícios ainda persistem em 2011.
Gitta Heinrich, que morava nas proximidades do muro, atualmente não tem muros em volta de sua casa em Berlim. As cercas são de árvores e arbustos e, dentro de sua casa, as portas ficam abertas entre as salas.
Heinrich evita até hoje espaços fechados com multidões. A alemã vive no vilarejo de Klein-Glienicke, nos limites da capital alemã.
O vilarejo, em 13 de agosto de 1961, se transformou em um lugar estranho quando o arame farpado foi desenrolado, isolando a casa de Heinrich de outras que ficavam apenas na outra rua.
Quando o muro ficou pronto, Klein-Glienicke se transformou na ilha da Alemanha Oriental na Berlim Ocidental. A divisa entre a zona soviética e a zona americana fazia um ziguezague naquela parte de Berlim, perto de Potsdam.
Devido à excentricidade da rota, o muro bloqueou um lado da rua de entrada do vilarejo, deu a volta em Klein-Glienicke e foi parar no outro lado da rua de entrada. Do lado de fora, ficava a Alemanha Ocidental; dentro, era a Alemanha Oriental.
- O vilarejo todo era como uma prisão. Não importava onde você ia, você tinha de ver o muro.
Quando o muro ficou pronto, Klein-Glienicke se transformou na ilha da Alemanha Oriental na Berlim Ocidental. A divisa entre a zona soviética e a zona americana fazia um ziguezague naquela parte de Berlim, perto de Potsdam.
Devido à excentricidade da rota, o muro bloqueou um lado da rua de entrada do vilarejo, deu a volta em Klein-Glienicke e foi parar no outro lado da rua de entrada. Do lado de fora, ficava a Alemanha Ocidental; dentro, era a Alemanha Oriental.
- O vilarejo todo era como uma prisão. Não importava onde você ia, você tinha de ver o muro.
Aperto
Gitta estava de folga com o namorado na região do Báltico quando as barreiras começaram a subir em volta de sua casa: primeiro, o arame farpado, e depois, o muro e as torres de vigilância.
Ela e o namorado ouviram a notícia e tentaram voltar para casa de trem, mas os serviços para cruzar Berlim estavam suspensos. Eles tiveram de dar a volta na cidade para voltar ao vilarejo. Ele não conseguiu permissão de entrada dos guardas, pois não estava registrado como alguém que vivia em Klein-Glienicke.
Gitta viveu no local junto com o muro, e quando ele foi derrubado, em 1989, ela foi ao médico pois se sentia ansiosa e inquieta. O médico então a diagnosticou com a “doença do muro”.
- Era uma doença com um profundo impacto na mente. Era um sentimento real de aperto.
Ela e o namorado ouviram a notícia e tentaram voltar para casa de trem, mas os serviços para cruzar Berlim estavam suspensos. Eles tiveram de dar a volta na cidade para voltar ao vilarejo. Ele não conseguiu permissão de entrada dos guardas, pois não estava registrado como alguém que vivia em Klein-Glienicke.
Gitta viveu no local junto com o muro, e quando ele foi derrubado, em 1989, ela foi ao médico pois se sentia ansiosa e inquieta. O médico então a diagnosticou com a “doença do muro”.
- Era uma doença com um profundo impacto na mente. Era um sentimento real de aperto.
A doença foi diagnosticada pelo psiquiatra Dietfried Mueller-Hegemann, de um hospital psiquiátrico de Berlim Oriental, que detectou indiferença e falta de propósito em seus pacientes.
Mueller-Hegeman registrou pelo menos cem casos no hospital onde trabalhava, até que ele mesmo conseguiu fugir para a Alemanha Ocidental, em 1971.
Os sintomas descritos incluem depressão, mania de perseguição e várias tentativas de suicídio, causadas por uma "situação de vida muito deprimente depois de 13 de agosto de 1961", dia em que a fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental foi fechada.
Funeral
Depois que o muro foi erguido, a situação do vilarejo de Klein-Glienicke tornou-se surreal, com momentos comoventes.
Mueller-Hegeman registrou pelo menos cem casos no hospital onde trabalhava, até que ele mesmo conseguiu fugir para a Alemanha Ocidental, em 1971.
Os sintomas descritos incluem depressão, mania de perseguição e várias tentativas de suicídio, causadas por uma "situação de vida muito deprimente depois de 13 de agosto de 1961", dia em que a fronteira entre Berlim Ocidental e Oriental foi fechada.
Funeral
Depois que o muro foi erguido, a situação do vilarejo de Klein-Glienicke tornou-se surreal, com momentos comoventes.
Em setembro de 1962, houve um funeral no vilarejo, mas alguns integrantes da família da pessoa morta haviam se mudado para a parte ocidental em 1958, e seriam presos se voltassem.
O padre então decidiu fazer a cerimônia em frente ao arame farpado, e aumentou o tom de voz para que as duas filhas pudessem ouvir a cerimônia fúnebre da mãe.
O padre então decidiu fazer a cerimônia em frente ao arame farpado, e aumentou o tom de voz para que as duas filhas pudessem ouvir a cerimônia fúnebre da mãe.
Ruth Hermann, neta da mulher que morreu, descreve a situação.
- Pelo arame farpado podíamos ver a procissão do funeral com o caixão, o pastor e os familiares de Berlim Oriental, todos vestidos de preto. Não podíamos atravessar [para Berlim Oriental], tínhamos acabado de fugir para o ocidente. Meu pai, minha mãe e a irmã mais velha dela usavam roupas pretas, de luto, e foram protegidos pela polícia do lado ocidental.
A cena foi registrada por um fotógrafo do jornal Berliner Morgenpost.
- Pelo arame farpado podíamos ver a procissão do funeral com o caixão, o pastor e os familiares de Berlim Oriental, todos vestidos de preto. Não podíamos atravessar [para Berlim Oriental], tínhamos acabado de fugir para o ocidente. Meu pai, minha mãe e a irmã mais velha dela usavam roupas pretas, de luto, e foram protegidos pela polícia do lado ocidental.
A cena foi registrada por um fotógrafo do jornal Berliner Morgenpost.
Leste-oeste
Os moradores de Berlim Ocidental podiam se mover para outros locais se quisessem. Havia três estradas que atravessavam a Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental, e voos também.
No entanto, para os berlinenses do lado oriental, o muro era um bloqueio. E a “doença do muro” era uma doença de Berlim Oriental.
Apesar de toda esta situação, fotos de Klein-Glienicke tiradas na época mostravam uma normalidade surreal, como um jardim com uma criança sorridente e o muro de Berlim ao fundo. Ou então uma típica casa do vilarejo com uma torre de vigilância, também ao fundo.
No entanto, para os berlinenses do lado oriental, o muro era um bloqueio. E a “doença do muro” era uma doença de Berlim Oriental.
Apesar de toda esta situação, fotos de Klein-Glienicke tiradas na época mostravam uma normalidade surreal, como um jardim com uma criança sorridente e o muro de Berlim ao fundo. Ou então uma típica casa do vilarejo com uma torre de vigilância, também ao fundo.
Fonte R7
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