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domingo, 22 de abril de 2012

Frutas, verduras e...comprimidos?

Alimentação restrita dos vegetarianos e vegans pode exigir suplementação

Ideologia, crença, radicalismo ou uma simples opção. Os conceitos que estão por trás da decisão de restringir a alimentação, e assumir-se como vegetariano ou vegan são variados e pessoais.

Independente da motivação, limar o grupo de alimentos da carne e do leite pode provocar sérios danos à saúde se a decisão não for feita com cuidados, conhecimento e acompanhamento nutricional.

Segundo Talita Bitar, endocrinologista do Hospital Copa Dor, no Rio de Janeiro, alimentações restritas não são fisiológicas. O organismo espera uma dieta mista, balanceada com gordura (de 5% a 15%), carboidratos (50% a 60%) e proteínas (20% a 30%).

“Quem opta por zerar o consumo de carne, leite e derivados, precisa ter consciência de que essa atitude não é esperada pelo corpo. O acompanhamento é fundamental para diminuir o risco das deficiências antes do aparecimento de problemas mais sérios.”

A endocrinologista explica que ao cortar o consumo de alimentos como a carne, o organismo deixa de receber a quantidade necessária de ferro e vitaminas do complexo B. A falta de ferro pode levar a anemia, desnutrição e baixo peso. As vitaminas do complexo B são responsáveis pelo bom funcionamento do sistema neurológico. A carência delas pode provocar alucinações e até demência.

Quando o ovo ainda é mantido na alimentação, as deficiências tendem a ser menores. A médica explica que o aporte de cálcio e vitamina D dá equilíbrio, além de proteger contra osteoporose. Para que a opção não resulte em problemas de saúde sérios, é prudente que um médico avalie o quadro nutricional do paciente e prescreva a complementação dos suplementos que não são ingeridos com os alimentos.

Blindar o sistema imunológico também é fundamental. A falta de nutrientes deixa o corpo vulnerável a bactérias e vírus, aumentando as chances de infecções. “Se o paciente tiver deficiência de proteína, desnutrição, carência de zinco, ele tente a ter um sistema imunológico menos eficiente.”

Os ricos aumentam conforme as restrições e a falta de acompanhamento. Apesar das limitações, não é correto afirmar que os vegetarianos e vegans não são saudáveis. “É uma opção que dá para levar. O radicalismo é o fator alarmante, que pode aumentar o número de deficiências nutricionais”, garante Talita.

Conhecimento X suplemento
O tatuador Fernando Franco Enei Franceschi, 36, é vegetariano desde 1993. A motivação ideológica deu resultados positivos e ganhou força quatro anos depois, quando ele optou por não comer apenas carne, mas zerar o consumo de leite e seus derivados. Segundo ele, o vegetarianismo é um primeiro passo. “Parei de comer carne, e depois comecei a ver que não queria mais nada derivado de animais. A vaca produz leite para o bezerro e não para o ser humano", defende.

Franceschi faz o uso apenas de comprimidos com vitamina B 12 para evitar a fraqueza e o cansaço. Os demais nutrientes o tatuador revela que repõe com a proteína da soja e dos legumes, verduras e cereais que come diariamente.

“Fui estudar, pesquisar sobre as propriedades dos alimentos pra saber como poderia manter o organismo saudável sem o leite e a carne. Dá pra viver só de legumes, mas não é possível viver só de carne. Nunca fico doente", assevera.

Para ter a prova de que sua opção continua dando certo, o tatuador recorre a exames de sangue e revela que nunca teve anemia ou algum problema mais grave. “A estratégia é conhecer os alimentos e comer a quantidade necessária para o bom funcionamento do organismo.”

Radicalismo não é regime
Engana-se quem vê na dieta vegetariana a chance de emagrecer. O consumo exclusivo de verduras e frutas não garante o corpo esquio e magro. Talita revela que o número de pessoas obesas nesse grupo não é incomum. “Cortar a carne da alimentação não significa eliminar a gordura. É mito encarar o radicalismo como dieta para perder peso.”

Ortorexia
O cuidado excessivo com a alimentação e o consumo exclusivo de produtos orgânicos vão contra o ideal de saúde e bem-estar. O radicalismo e a obsessão pela saúde foram definidos pela medicina há pouco mais de quatro anos como ortorexia (orto siginifica correto). A maioria dos pacientes com esse distúrbio, segundo a médica, são mulheres e vegetarianas.

“Pacientes radicais podem ter transtorno alimentar. Comer correto vira uma obsessão tão grande que a pessoa passa a evitar encontros sociais e jantares fora de casa. É mais comum em mulheres, mas os homens também podem apresentar o problema.”

Fonte iG

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