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sábado, 24 de agosto de 2013

Hospital do SUS no Piauí é modelo de gestão e atendimento a pacientes do Norte e Nordeste


Teresina - O pedreiro piauiense Aílton Alves, 39 anos, enfrentou uma longa jornada até chegar ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina (PI). Vítima de um acidente de moto na cidade de Corrente, sul do estado, no início de julho, ele percorreu aproximadamente 800 quilômetros, em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para receber o atendimento necessário.
 
Segundo sua esposa, a dona de casa Givaneide Gomes, de 32 anos, durante o trajeto foi preciso parar em hospitais de outros dois municípios para substituir o balão de oxigênio e repor o estoque de soro. Desde que chegou ao hospital de Teresina, especializado em alta e média complexidade, o pedreiro tem recebido atendimento, medicação e curativos adequadamente, na avaliação de Givaneide.
 
"O atendimento está sendo bom, ele é medicado, não falta remédio, todo dia fazem os curativos direitinho. Só queria que ele já tivesse feito a cirurgia, mas como ainda não foi possível, o jeito é esperar", disse ela, enquanto assisita, ao lado da cama do marido, a um programa de auditório na televisão instalada no quarto que Aílton divide com três pacientes, também vítimas de acidentes de trânsito.
 
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, a operação na bacia e a colocação de uma prótese de platina no fêmur do pedreiro ainda não foram feitas porque, na data em que deveriam ter ocorrido, as condições gerais de saúde do paciente, incluindo pressão arterial e batimentos cardíacos, não eram adequadas, o que levou adiamento cirúrgico.
 
Casos como o de Aílton Alves são comuns entre os pacientes que chegam diariamente ao Hospital Getúlio Vargas. Administrada pelo governo estadual, a unidade recebe pessoas vindas da capital, de cidades do interior do Piauí e de estados vizinhos, como o Maranhão. A cada mês, são feitas, em média, 800 cirurgias, sendo 200 ortopédicas. O centro cirúrgico, que está sendo reformado, conta com equipamentos de ponta, como o videolaparoscópio e arcos cirúrgicos modernos. O hospital também tem duas salas equipadas com raio X de última geração, que permite visualização melhor e mais detalhada das imagens, sem o uso de produtos químicos para revelá-las, em um processo totalmente digitalizado.
 
Além disso, até o fim do ano, a unidade deverá ser a única do estado a fazer cirurgias cardíacas, graças à aquisição de um moderno equipamento de hemodinâmica - relacionado à circulação sanguínea -, ao custo aproximado de R$ 4 milhões de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço, voltado ao tratamento de doenças endovasculares, permite um procedimento mais simplificado, menos invasivo e traumático para o paciente, conhecido como embolização, ou seja, a oclusão dos vasos, com o objetivo de diminuir a vascularização de uma região por meio da inserção de um cateter. Atualmente, os aneurismas cerebrais já são tratados na unidade com a aplicação da técnica de embolização.
 
A equipe que vai operar os novos aparelhos, que já estão na unidade e ocupam uma área do pátio do hospital, é treinada por profissionais do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, por meio do Programa de Reestruturação de Hospitais Públicos, do Ministério da Saúde. De acordo com a assessoria do HGV, até agora procedimentos do tipo no estado são custeados pelo SUS em unidades privadas de saúde. A expectativa, a partir da inauguração do equipamento, é triplicar o número de procedimentos feitos hoje no setor de hemodinâmica, que totaliza 167 por ano.
 
A coordenadora da unidade de terapia intensiva (UTI), Jyselda Duarte, ressaltou a boa estrutura geral do hospital, mas enfatizou a dificuldade de atrair profissionais, especialmente intensivistas. Em sua avaliação, a situação está relacionada, em parte, ao déficit desses médicos no mercado brasileiro e também à falta de valorização por meio de remuneração diferenciada.
 
"Em geral, médicos de UTI ganham salários nos mesmos patamares dos demais, só que se trata de um trabalho mais desgastante. Eles têm que dar plantão, dedicar muito tempo ao estudo, lidar com estresse, com pacientes em estado grave. Além disso, no serviço privado, em geral, eles têm remunerações melhores e preferem não vir para a rede pública", disse Jyselda.

Agência Brasil

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