Acúmulo de gordura nas artérias está entre os fatores que levam a um derrame. Boa alimentação e prática de exercícios ajudam a reduzir o problema.
Há anos protagonista de reportagens, discussões e bate-papos sobre saúde, o colesterol mais especificamente, o ruim (LDL) - já é conhecido como um dos grandes vilões do coração. Mas o acúmulo de gordura nas artérias também pode ser responsável por um mal que somente no Brasil causa cerca de 180 mil internações por ano, segundo dados do Ministério da Saúde : o acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame.
Segundo a neurologista Gisele Sampaio Silva, professora adjunta da disciplina de neurologia da Universidade Federal de São Paulo-Unifesp, o AVC é mais frequente em pessoas com idade avançada. Mas hipertensos, fumantes, diabéticos, sedentários e indivíduos com colesterol alto também fazem parte do grupo de risco. ?A taxa elevada de colesterol LDL é um fator de risco para o AVC isquêmico?, observa a especialista. Dividido entre hemorrágico, quando acontece um sangramento interno na caixa craniana, e isquêmico, que representa 80% dos casos e ocorre quando há uma artéria obstruída, o AVC apresenta sintomas como perda repentina da força muscular ou da visão, dificuldade de comunicação oral, tonturas, formigamento num dos lados do corpo e alterações da memória.
A fibrilação atrial (FA), um tipo muito comum de arritmia cardíaca, é uma doença que aumenta o risco de formação de coágulos no coração, que seguem para o cérebro, causando o AVC isquêmico.
Níveis elevados de colesterol do sangue podem contribuir para a aterosclerose - uma doença inflamatória crônica que leva à obstrução das artérias pelo acúmulo de lípides (principalmente colesterol) em suas paredes. ?Se um coágulo for formado na artéria carótida interna (artéria localizada no pescoço) sobre uma placa de aterosclerose, o risco de AVC isquêmico é grande?, informa a neurologista.
O controle dos níveis do colesterol é apenas uma das medidas que as pessoas devem tomar para prevenir o derrame. ?Colesterol elevado, hipertensão, diabetes são comorbidades que aumentam o risco do acontecimento do AVC. Vale ressaltar que os indivíduos que possuem pais ou avós que já tiveram AVC precisam redobrar os cuidados?, alerta Gisele. ?O AVC isquêmico é uma emergência médica e seu tratamento é feito com medicamentos trombolíticos, que diluem o coágulo responsável pela isquemia?, conclui.
Redução do colesterol e a prevenção de AVC-Para se ter uma ideia da influência do colesterol na incidência de AVC, uma segunda análise do estudo internacional SPARCL (Stroke Prevention by Aggressive Reduction of Cholesterol Levels) aponta que o tratamento da dislipidemia com atorvastatina 80 mg (Lípitor) por dia reduziu o risco de eventos cardiovasculares em indivíduos com aterosclerose da carótida. No teste clínico, indivíduos com estenose na artéria carótida tiveram grande benefício com o tratamento, obtendo uma redução de 33% no risco de um AVC e de 43% no risco de eventos coronarianos graves.
As estatinas são um grupo de substâncias que bloqueiam a síntese de colesterol no fígado, tirando o mau colesterol de circulação. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que seus benefícios, em termos de redução da incidência de doenças cardiovasculares, podem alcançar 44% de eficiência. Dentre as opções medicamentosas existentes está o Lípitor (atorvastatina), estatina com alto número de evidências científicas que comprovam seus efeitos na redução significativa do risco de eventos cardiovasculares e na diminuição em até 60% dos níveis do colesterol ruim.
Ações preventivas reduzem a chance de um AVC. O controle dos níveis de colesterol é fator fundamental. Realizar check-ups regularmente, estar em dia com os exames médicos e efetuar mudanças no estilo de vida são atitudes necessárias para uma vida saudável.
Veja dicas para se prevenir do AVC:
- Mantenha a pressão arterial sob controle
- Evite o consumo de sal em excesso
- Modere a ingestão de bebidas alcoólicas
- Não fume
- Controle o peso
Tenha uma alimentação saudável:
- Evite gorduras saturadas (encontrada principalmente em alimentos de origem animal, como carne vermelha, derivados do leite e ovos) e frituras
- Coma bastante frutas, verduras e fibras
- Pratique exercícios físicos regularmente
Evite o estresse: faça atividades relaxantes como uma caminhada ao ar livre, conversar com amigos, passear com o cachorro.
Referência: Gisele Sampaio Silva é neurologista e Gerente Médica Programa Integrado de Neurologia Hospital Israelita Albert Einstein.
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