Falhas na formação dos médicos e pressão da indústria farmacêutica estão entre as razões do problema
Apenas pouco mais da metade, 51,4%, dos pacientes que chegam ao serviço público de saúde brasileiro recebem o tratamento conforme as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No caso da terapia contra a pneumonia, o cenário é pior: 49,3% dos indivíduos tratados ingerem o antibiótico apropriado.
Os dados analisados entre 2002 e 2008 fazem parte de um relatório global divulgado na revista científica PLOS Medicine pela agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles formam um conjunto de 10 indicadores usados para medir a eficácia do uso racional de medicamentos e têm como referência índices fornecidos por órgãos oficiais de cada uma das 56 nacionalidades analisadas.
Os indicadores funcionam de maneira simples. Melhor será a utilização de fármacos quão menor for a prescrição de antibióticos e injeções, especialmente para o tratamento de infecções do trato respiratório superior, como sinusites, rinites, amigdalites, faringites e laringites.
Os indicadores funcionam de maneira simples. Melhor será a utilização de fármacos quão menor for a prescrição de antibióticos e injeções, especialmente para o tratamento de infecções do trato respiratório superior, como sinusites, rinites, amigdalites, faringites e laringites.
Em busca dessa excelência, deve ser maior a prescrição de genéricos e de drogas inclusas na lista de remédios essenciais, além de o tratamento contra pneumonias ser feito com o antibiótico apropriado.
Um problema específico é monitorado como referência para esses indicadores: a diarreia. A recomendação é de que o tratamento tenha um percentual baixo de drogas, optando preferencialmente pela solução oral de reidratação.
Na análise, o Brasil foi listado com outras nações de baixa e média renda per capita e, apesar de apresentar taxas de certo modo satisfatórias desses indicadores, a comparação com realidades muito contrastantes à brasileira acende um alerta para o cenário atual da saúde pública nacional.
Na análise, o Brasil foi listado com outras nações de baixa e média renda per capita e, apesar de apresentar taxas de certo modo satisfatórias desses indicadores, a comparação com realidades muito contrastantes à brasileira acende um alerta para o cenário atual da saúde pública nacional.
Quanto ao uso correto do antibiótico contra a pneumonia, o Brasil, com o índice de 49,3%, tem a sétima pior performance, atrás de países como Moçambique (97%), Ruanda (90%), Tanzânia (86,5%), Chile (83,1%) e Camarões (80%).
As diretrizes padrão da OMS para tratamento também são mais bem seguidas no Senegal (78,5%), Peru (76%), Egito (74%) e República Democrática Popular Lao (74%).
A prescrição de medicamentos é outra situação que traz índices expressivos e de contrastes que chamam a atenção. Quase 80% das drogas prescritas no país pertencem à lista de medicamentos essenciais, ao mesmo tempo em que locais como Gâmbia, Camboja, Indonésia, Irã, Malásia e Zâmbia atingiram 100%.
Medicamentos essenciais são aqueles que satisfazem as necessidades prioritárias da população e que devem estar sempre disponíveis para as comunidades em quantidades adequadas, com qualidade assegurada, nas formas farmacêuticas apropriadas e a um preço acessível.
Correio Braziliense
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