Barbeiro, vetor do Trypanosoma cruzi |
A doença de Chagas é conhecida por castigar o organismo humano, principalmente na fase mais avançada, quando o parasita toma conta de sistemas importantes, como o cardiovascular. Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, trabalham em uma técnica que poderá proteger o coração desses pacientes, cerca de 12 milhões no mundo, sendo 3 milhões no Brasil.
Os resultados alcançados em testes com ratos foram publicados na revista científica Mediators of Inflammation, reforçando a aposta da equipe de chegar a uma terapia eficaz e acessível.
“Por meio de exames clínicos, notamos que pessoas com a forma cardíaca grave dessa doença apresentam altos níveis de uma citocina chamada fator de necrose tumoral e de outros mediadores que estimulam a inflamação cardíaca”, explica, ao Correio, Joseli Lannes Vieira, pesquisadora do Laboratório de Biologia das Interações do Instituto Oswaldo Cruz.
Segundo a autora principal da pesquisa, essa citocina é uma molécula com ação importante no começo da resposta às infecções. Nos pacientes chagásicos graves, no entanto, é como se a reação inflamatória intensa, benéfica na fase inicial, fosse mantida durante anos. Assim, o excesso de fator de necrose tumoral acabaria provocando danos cardíacos.
Para confirmar essa hipótese, os pesquisadores realizaram um experimento com ratos. Simularam, nas cobaias, sintomas cardíacos da doença e os trataram com infliximab — droga usada no tratamento de males autoimunes e que impede a ação do fator de necrose tumoral.
Para confirmar essa hipótese, os pesquisadores realizaram um experimento com ratos. Simularam, nas cobaias, sintomas cardíacos da doença e os trataram com infliximab — droga usada no tratamento de males autoimunes e que impede a ação do fator de necrose tumoral.
Após 30 dias de tratamento, houve melhoras nos danos cardíacos. “Ao inibir essa citocina, tivemos um efeito benéfico em várias alterações imunológicas, como a redução da fibrose cardíaca, que substitui as células do coração quando elas morrem, e a diminuição das arritmias”, destaca Vieira.
Cardiologista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria do Carmo Pereira diz que ainda são pouco conhecidos os mecanismos que levam a lesões cardíacas, mas a teoria de que, ao se defender do Chagas alojados no coração, o corpo acaba gerando inflamações é muito interessante.
Cardiologista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria do Carmo Pereira diz que ainda são pouco conhecidos os mecanismos que levam a lesões cardíacas, mas a teoria de que, ao se defender do Chagas alojados no coração, o corpo acaba gerando inflamações é muito interessante.
“Esse experimento inicial foi inteligente ao bloquear as ações de defesa exageradas do organismo ao parasita”, destaca a especialista, que não participou do estudo.
Anselmo Mota, cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, também acredita que as chances de combater os malefícios causados pela doença só podem ser conquistadas ao se conhecer a fundo o efeito dela e as reações provocados por ela no organismo humano.
Anselmo Mota, cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, também acredita que as chances de combater os malefícios causados pela doença só podem ser conquistadas ao se conhecer a fundo o efeito dela e as reações provocados por ela no organismo humano.
“São muitos os mecanismos associados ao Chagas que podem desenvolver diversos problemas cardíacos, e não conhecemos todos eles. Quanto ao diagnóstico, já estamos avançado, mas as medicações usadas para diminuir a inflação precisam ser mais estudadas”, avalia.
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário