Novos métodos de diagnóstico de câncer menos invasivos estão em estudo |
De tão temida, a condição era mencionada, décadas atrás, apenas como “aquela doença". O nome correto era pouco pronunciado. Hoje, ainda letal em muitos casos, o câncer se tornou uma doença bastante comum na população mundial e, com grande esforço da comunidade científica, cada vez mais tratável.
Avanços significativos são alcançados globalmente e inúmeras pesquisas promissoras estão em andamento para ajudar no tratamento da doença que atingirá 576 mil pessoas no Brasil neste ano.
Médicos oncologistas ressaltam duas linhas promissoras de pesquisas que são aplicáveis atualmente no tratamento do câncer: a terapia-alvo, que atinge diretamente o tumor, e a imunoterapia, medicamentos que reforçam o sistema imunológico para que ele reconheça e destrua os tumores.
Além desses tratamentos, há avanços também com relação à radioterapia guiada por imagem, que permite que o alvo seja atingido com sucesso – e a outro tipo de radioterapia que causa menos efeitos colaterais. Métodos de diagnósticos dos tumores menos invasivos também são motivo de otimismo.
Conheça mais sobre esses cinco avanços da medicina abaixo:
Terapia-alvo
A terapia-alvo é um conjunto de drogas específicas para cada tipo de tumor. Erra quem pensa que um tumor em alguma parte do corpo segue sempre o mesmo padrão. “Dentro de cada tumor existem subgrupos menores com características próprias, que apresentam alterações biológicas específicas”, explica o oncologista do Hospital A.C. Camargo Cancer Center, Vladmir Cordeiro de Lima. “A inovação foi o desenvolvimento de drogas que interferem exatamente nesses mecanismos biológicos específicos para cada tipo e subtipo do tumor”.
A genética também entra em cena. “Em câncer de pulmão, por exemplo, em 60% dos casos já identificamos mutações em genes específicos, e para várias dessas mutações e genes diferentes existem drogas e terapias-alvo específicas”, explica Lima. “Elas são ativas somente nesses subgrupos específicos. A toxicidade é menor e a atividade do tratamento é maior”.
Não só para o câncer de pulmão, mas pessoas com câncer de cólon, alguns sarcomas, tumor renal, melanoma, alguns tipos de linfomas e leucemias já podem se beneficiar desse tratamento mais direcionado.
“O foco da terapia-alvo molecular é encontrar a droga ideal para o paciente ideal. O câncer é agressivo, temos de ser agressivos também”, diz o oncologista do Hospital do Câncer de Barretos, Luiz Eduardo Zucca.
Inibidores de checkpoint imunológico
A quimioterapia convencional é uma droga que entra no corpo e destrói as células de crescimento rápido, como as tumorais. No entanto, há também muitas outras células essenciais ao organismo que são de crescimento rápido, como as células produzidas na medula óssea (hemoglobina, leucócitos e plaquetas), as que produzem os cabelos e aquelas do trato gastrointestinal.
A quimioterapia sistêmica destrói todas elas na tentativa de acabar com as tumorais, levando muitas vezes à perda de cabelos, diarreia, náuseas e vômitos, além da imunidade baixa. “O paciente fica exposto a alguns tipos de infecção”, diz Zucca.
A inovação na área não é uma nova droga que destrói a ermo as células de crescimento rapidamente, mas sim uma que turbina o sistema imunológico para reconhecer o tumor como um corpo estranho e acabar com ele.
“As células tumorais normalmente conseguem escapar do sistema imunológico que controlam o crescimento do tumor”, diz Rafael Kalil, oncologista do Hospital Albert Einstein. “A imuno-oncologia está descobrindo isso e desenvolvendo drogas que conseguem impedir o bloqueio do sistema imunológico para que ele mesmo possa atacar os tumores”, explica Kalil.
Radioterapia guiada por imagem
Na radioterapia convencional, o radioterapeuta analisa o paciente e a região em que o tumor está e em seguida irradia. “No entanto, às vezes, o paciente incha, engorda ou emagrece durante o tratamento [que dura algumas semanas], e o alvo não é atingido com precisão”, explica o radioterapeuta do Hospital A.C. Camargo Cancer Center, Michael Chen.
Na radioterapia guiada por imagem, no entanto, um aparelho mostra, em tempo real, a localização exata do tumor que deve ser irradiado. Assim, alterações do corpo não interferem no alvo. “Várias coisas podem acontecer durante o tratamento, mas essa técnica aumenta a precisão do tratamento. É quase como se fosse uma tomografia em tempo real”, conta Chen.
Terapia de feixe de prótons
Disponível apenas no exterior, essa terapia é como uma radioterapia convencional, com a diferença de apresentar menos efeitos colaterais. A radiação, principalmente em crianças, pode causar alguns problemas neurológicos e de crescimento, pois atravessa os tecidos e pode causar algum tipo de dano.
A prótonterapia, como é conhecida, é mais precisa e não danifica os tecidos ao redor do tumor. No entanto, ela é uma terapia de alto custo. O aparelho que viabiliza a terapia custa cerca de 25 milhões de dólares, e o tratamento gira em torno de 100 mil dólares por paciente.
Métodos de diagnóstico de câncer
O oncologista do Hospital A.C. Camargo Cancer Center Vladmir Cordeiro de Lima conta que estão em estudo novos métodos de diagnóstico de câncer. A intenção desses é fazer um diagnóstico menos invasivo, evitando biópsias de tumores, e identificar o tumor e o tipo dele por meio de um exame de sangue.
“O tumor libera células no sangue que circulam pelo corpo – inclusive são elas que dão metástase posteriormente – e os cientistas estão tentando desenvolver técnicas para identificar essas células e dar o diagnóstico a partir delas”, diz Lima. “Inclusive, determinar a apresentação de mutações que permitiriam usar drogas específicas”.
Segundo o médico, se a técnica realmente virar realidade, ela será útil também para acompanhar o tratamento do câncer e ver se ele é eficaz, se o tumor está regredindo ou não. “Haverá uma monitoração mais rápida e mais simples”, completa.
iG
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