A hepatite C não é tão “famosa” como a AIDS, por exemplo, mas também é uma doença que afeta milhões e não tem tratamentos muito eficientes
Hoje em dia, pode-se adquirir a condição compartilhando agulhas para injetar drogas e outros comportamentos de risco, mas há 50 anos a higiene era bem diferente e muitas pessoas que nasceram entre 1945 e 1965 pegaram HCV apenas por ir ao dentista, por exemplo.
Desde então, muitos pesquisadores tentam encontrar uma cura para esse vírus, sem muito sucesso. Isso acabou de mudar, no entanto.
Cura, sim
Em 2011, o Dr. Josh Bloom, diretor de Ciências Químicas e Farmacêuticas no Conselho Americano de Ciência e Saúde na cidade de Nova York, previu que a AbbVie, uma empresa biofarmacêutica global que realiza pesquisas, estava prestes a fazer grandes avanços na cura da hepatite C. Um novo estudo mostra que ele estava certo.
Num ensaio clínico de fase III, 100% dos pacientes infectados com o genótipo 1b (a estirpe mais difícil de tratar do vírus) atingiram uma resposta virológica sustentada após receberem ViekiraPak, medicamento que é uma combinação de dois inibidores da replicação do HCV diferentes.
Uma resposta virológica sustentada significa uma ausência detectável da hepatite C seis meses após o fim do tratamento nos pacientes. Ou seja, uma cura. O vírus não voltou em ninguém. Essa é uma ótima notícia, porque a hepatite C era, até então, uma verdadeira pedra no sapato medicinal.
Surpreendente
Talvez uma vez a cada geração, a investigação farmacêutica atinge um grande marco como esse.
“Eu nunca vi melhor exemplo de tal grande marco. A infecção por HCV não só é grave – a principal causa de transplante de fígado nos EUA -, como é muito prevalente (3,2 milhões de pessoas no país).
No mundo, há cerca de 170 milhões de pessoas infectadas – quatro vezes mais do que as com HIV. Até recentemente, não havia boas opções para essas pessoas. Isso com certeza mudou agora”, diz o Dr. Bloom, especialista em hepatite C.
O médico explica que, tecnicamente, existem 11 genótipos de HCV, mas só alguns são de significado clínico. Como o genótipo 1 abrange cerca de 60% de todas as infecções e é o mais difícil de tratar (especialmente a estirpe 1b), a eficácia de ViekiraPak é ainda mais surpreendente.
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