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domingo, 18 de outubro de 2015

Como uma publicitária criou o primeiro teste caseiro de gravidez

O primeiro
Foto cortesia Bonhams New York/BBC
O primeiro "Predictor" feito com base no protótipo de Margaret
 Crane foi fabricado no Canadá em 1971
As patentes do produto estão em nome de Crane, mas ela recebeu apenas um dólar por sua criação
 
A publicitária americana Margaret Crane foi contratada para realizar esboços para uma linha de cosméticos em uma companhia farmacêutica, mas uma observação sagaz a fez criar um teste chave na história da liberdade das mulheres.
 
Durante uma visita aos laboratórios da empresa Organon Pharmaceuticals, em West Orange, no Estado americano de Nova Jérsei, algo chamou a atenção da designer gráfica: uma enorme fila de provetas apoiadas sobre uma superfície com um espelho.
 
Quando descobriu que eram testes de gravidez, pensou: "por que não fazer isso em casa?".
 
"Olhando para eles, pensei imediatamente que seria muito fácil que as mulheres o fizessem em casa e tentei fazer o possível para que isso acontecesse", disse Crane à BBC Mundo, o serviço da BBC em espanhol.
 
Aos 26 anos, ela não tinha formação científica, mas um dos químicos a explicou como o processo funcionava.
 
A designer tem 75 anos e continua trabalhando como freelancer para alguns clientes
Margaret Crane/BBC - A designer tem 75 anos e continua
 trabalhando como freelancer para alguns clientes
Cada tubo continua reagentes químicos que, ao detectar o hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) – produzido pelo corpo durante a gestação –, formavam um círculo roxo na base da proveta, que se refletia no espelho e fornecia o resultado positivo.
 
Protótipo caseiro
Assim que chegou em sua casa em Nova York, ela diz que "começou a pensar em algo que juntasse um tubo e um espelho. Não foi fácil, mas, após muitas tentativas, um objeto sobre sua mesa lhe deu a solução.
 
"Eu tinha uma pequena caixa de plástico onde guardava clipes e me deu conta de que era a forma perfeita. Você podia ver através dela, colocar um espelho e incluir um conta-gotas", relembra.
 
Estes eram todos os elementos necessários para realizar o teste em casa.
 
Crane encontrou uma maneira de unir e tornar portátil o teste feito nos laboratórios
Smithsonian/BBC - Crane encontrou uma maneira de unir
e tornar portátil o teste feito nos laboratórios
O protótipo criado por Margaret no final dos anos 1960 foi leiloado no mês de junho passado por quase US$ 12 mil (R$ 46 mil, em valores atuais) e comprado pelo museu de História da América em Washington, que acaba de recebê-lo.
 
A casa de leilões Bonhams se referiu ao teste doméstico como "um dos produtos mais revolucionários, que mudaram a vida no século 20" e disse que "sua invenção foi um momento chave na história da liberação da mulher".
 
Crane colocou nas mãos das próprias mulheres o conhecimento de algo tão íntimo quanto a gravidez. Já não era necessário recorrer a um médio e esperar semanas pelo resultado, podiam sabê-lo com discrição em sua própria casa.
 
O
Omegapharma/BBC - O "Predictor" ainda é comercializado
atualmente em diversos países
No entanto, uma vez materializado, anos mais tarde, o projeto enfrentou críticas dos que se opuseram a ele por motivos morais e consideravam que as mulheres não tinham direito a fazer seus próprios testes. Na época, o exame caseiro foi vinculado até mesmo ao aborto, que ainda era proibido nos Estados Unidos.

Sem entusiasmo
Crane não contou sua ideia a nenhuma das pessoas mais próximas dela, porque queria falar primeiro com os representantes da Organon. Mas apesar de seu entusiasmo, não teve a recepção que esperava.
 
"Contei a meus chefes, mas eles não acharam uma boa ideia, quase começaram a rir", conta.
 
"Eles tinham receio de que colocar um produto assim diretamente nas mãos das usuárias acabasse com o negócio do laboratório e pensavam que os médicos não gostariam da ideia."
 
"Não pensaram que poderia ser um produto útil para as mulheres, simplesmente, não enxergaram assim."
 
No entanto, a designer não se deu por vencida. Seu momento chegou quando, em uma reunião na sede da empresa farmacêutica na Holanda, um dos executivos americanos mencionou sua ideia.
 
"Os dirigentes holandeses acharam a ideia maravilhosa, porque a Europa já tinha produtos de venda direta ao consumidor que funcionavam."
 
Um dólar
Quando eles designaram um orçamento para realizar um estudo de mercado, a ideia foi tomando corpo. Mesmo assim, Crane não recebeu nem 1 dólar. Quer dizer, na verdade, recebeu um.
 
BBC Brasil / iG

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