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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Síndrome de Hulk: o que é o Transtorno Explosivo Intermitente?

Você sabe o que é a síndrome de Hulk? Entenda o problemaTranstorno que causa agressividade afeta vida do paciente e das pessoas que o cercam

Dr. Ivan Mario Braun 
Psiquiatria - CRM 57449/SP

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), também popularizado como "Síndrome de Hulk",de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, é caracterizado como episódios abruptos de perda de controle de impulsos agressivos. Estes impulsos se manifestam através de agressões verbais, falas, discussões ou agressões físicas contra pessoas, animais ou propriedade alheia.
 
Critérios de diagnóstico
Estas explosões podem ter uma gravidade menor - sem lesões ou destruição - com uma frequência grande, pelo menos duas por semana, ou maior, e neste caso, basta que ocorra uma agressão por ano, para que se faça este diagnóstico. Outra exigência para se poder dizer que alguém tem TEI é que a magnitude da agressividade nas explosões é muito desproporcional à gravidade da provocação. A agressão, no TEI, não é premeditada, porém impulsiva e não tem nenhum objetivo claro. Frequentemente, a pessoa sente uma grande raiva concomitantemente.
 
Só se pode dizer que um indivíduo tem TEI se já tiver pelo menos seis anos de idade, pois nesta idade, normalmente, a pessoa já tem um controle da agressividade. Pessoas com TEI podem ter sintomas de outros transtornos psiquiátricos, mas quando estes são graves e a agressividade ocorre somente na presença deles, não se pode fazer o diagnóstico de TEI. A ideia por trás desta exigência é que o TEI precisa ser a principal causa da agressão. O mesmo vale para outros problemas que afetam o cérebro, como traumas cranianos, tumores e efeitos de drogas, que também podem levar a comportamentos agressivos. 
 
Finalmente, se pessoas na infância ou adolescência têm episódios de agressividade súbita apenas na vigência de um distúrbio de adaptação a uma situação estressante, não se pode dizer, em caráter definitivo, que apresenta TEI. 
 
Incidência
Não há estatísticas brasileiras, porém se sabe que, nos Estados Unidos, ocorre em cerca de 2,7% das pessoas, sendo mais frequente nos mais jovens e de menor nível educacional - a prevalência é menor em pessoas que têm curso universitário). (1) No Iraque, calculou-se a prevalência entre 1,5 e 1,7%, porém a idade de início foi menor que nos EUA (2).  
 
Consequências para o dia a dia
O Transtorno Explosivo Intermitente, ou "Síndrome de Hulk", traz graves prejuízos para a pessoa sejam nos âmbitos ocupacionais, interpessoais, legais ou financeiros. O transtorno também pode levar a um grave desconforto para a pessoa (1) e um grande sentimento de culpa, após seus episódios agressivos (3).                            
 
Procurando ajuda
Devido às consequências do TEI, as pessoas que apresentam este problema podem procurar ajuda e contar ao profissional que consultam que têm estes episódios, que lhe causam um grande incômodo. Porém, por vezes, a pessoa ainda não se deu conta de seu comportamento e são os familiares, amigos e colegas de trabalho que reclamam. Nestes casos, é interessante que se estimule o portador deste transtorno a procurar um profissional habilitado, de modo que se possa fazer um tratamento que, sendo bem sucedido, trará melhoras na qualidade de vida de todos os envolvidos. 
 
Como sempre, quanto menor a percepção que alguém tem da origem de seus problemas, maior é a necessidade de que a procura de tratamento seja estimulada por outros. Não existe nenhuma forma definitiva de fazer com que alguém se trate mas, geralmente, faz-se uma mistura de pressão para que isto ocorra e reconhecimento e gratificação quando a pessoa se esforça para se tratar e melhorar. Orientações mais específicas devem ser obtidas em consultas diretas com profissionais, que poderão avaliar caso a caso.  
 
Tratamento
Ainda não se conhecem tratamentos específicos para o transtorno e, muito menos, há uma cura definitiva. Mas, o controle a longo prazo pode ser feito através de psicoterapias (4) direcionadas no sentido de a pessoa aprender a detectar aquelas situações que desencadeiam as crises e evitá-las, ou aprender a enfrentá-las de modo menos agressivo. 
 
Em relação aos tratamentos medicamentosos, existem alguns estudos que sugerem que possam ser úteis os estabilizadores de humor (5), que são medicações usadas também no transtorno bipolar e em casos de depressão.        
 
Referências
1. American Psychiatric Association: Diagnostic and statistical manual of mental disorders, fifth edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association, 2013. 947 p.   
 
2. Al-Hamzawi A, Al-Diwan JK, Al-Hasnawi SM, Taib NI, Chatterji S, Hwang I, Kessler RC, McLaughlin KA. The prevalence and correlates of intermittent explosive disorder in Iraq. Acta Psychiatr Scand. 2012 Sep;126(3):219-28. doi: 10.1111/j.1600-0447.2012.01855.x. Epub 2012 Mar 22.    
 
3. Kulper DA, Kleiman EM, McCloskey MS, Berman ME, Coccaro EF. The experience of aggressive outbursts in Intermittent Explosive Disorder. Psychiatry Res. 2015 Feb 28;225(3):710-5. doi: 10.1016/j.psychres.2014.11.008. Epub 2014 Nov 11.    
 
4. McCloskey MS, Noblett KL, Deffenbacher JL, Gollan JK, Coccaro EF. Cognitive-behavioral therapy for intermittent explosive disorder: a pilot randomized clinical trial. J Consult Clin Psychol. 2008 Oct;76(5):876-86. doi: 10.1037/0022-006X.76.5.876.    
 
5. Jones RM, Arlidge J, Gillham R, Reagu S, van den Bree M, Taylor PJ. Efficacy of mood stabilisers in the treatment of impulsive or repetitive aggression: systematic review and meta-analysis. Br J Psychiatry. 2011 Feb;198(2):93-8. doi: 10.1192/bjp.bp.110.083030. Review.
 
Minha Vida

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