Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2016 – A sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária de zero a 19 anos é de 64%, índice calculado com base nas informações de incidência e mortalidade.
Esta e outras informações fazem parte de um panorama do câncer infantojuvenil, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e Ministério da Saúde (MS) em cerimônia na sede do Instituto, no Rio, em celebração conjunta do Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil (23 de novembro) e Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro).
O estudo do INCA/MS apontou que a sobrevida de pacientes infantojuvenis varia de acordo com a região do país. Os índices são mais elevados nas regiões Sul (75%) e Sudeste (70%) do que no Centro-oeste (65%), Nordeste (60%) e Norte (50%).
O câncer é a doença que mais mata crianças e adolescentes no Brasil e a segunda causa de óbito neste grupo etário, superada somente pelos acidentes e mortes violentas. Entre 2009 e 2013, o câncer motivou cerca de 12% dos óbitos na faixa de 1 a 14 anos, e 8% de 1 a 19 anos. Houve 2.724 mortes por câncer infantojuvenil no Brasil em 2014 (ano mais recente com informações compiladas).
As informações disponíveis atualmente permitem pela primeira vez estimar a sobrevida para o câncer infantojuvenil. Este índice é uma estimativa baseada nas informações sobre câncer obtidas dos Registros de Câncer de Base Populacional e do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
O INCA estima a ocorrência de 12.600 novos casos de câncer na faixa etária de zero a 19 anos em 2017. O chamado câncer infantojuvenil inclui, na verdade, vários tipos de câncer. As leucemias representam o maior percentual de incidência (26%), seguida dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central-SNC (13%).
“No Brasil, vivemos uma transição epidemiológica, em que a mortalidade por doenças infecciosas em crianças diminuiu, e o câncer representa a primeira causa de morte por doença de 1 a 19 anos”, afirma Sima Ferman, chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do INCA. “Para aumentar as chances de cura, o diagnóstico deve ser precoce e o tratamento realizado em centros especializados, com oncologistas pediátricos treinados e toda a equipe multiprofissional especializada na atenção a criança com câncer.”
Diagnóstico precoce e acesso ao tratamento
As diferenças entre os cânceres infantis e de adultos consistem principalmente nos aspectos morfológicos do tipo do tumor, comportamento clínico da doença e localizações primárias. Nas crianças e nos adolescentes, a neoplasia geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Nos adultos, as células epiteliais, que recobrem órgãos, são as mais atingidas. Enquanto o câncer no adulto apresenta mutações, geralmente, em decorrência de fatores ambientais, como cigarro e exposição ao sol, por exemplo, o câncer pediátrico ainda não possui estudos conclusivos sobre a influência desses aspectos.
Os tumores dos cânceres infantojuvenis crescem mais rapidamente do que os dos adultos e tornam-se invasivos, porém respondem melhor ao tratamento. É importante que pais e familiares saibam identificar os sinais e sintomas da doença, que são muito parecidos com os de doenças comuns da infância.
“Muitos pacientes ainda chegam para tratamento com a doença avançada. É importante que as crianças com suspeita de câncer tenham um atendimento e encaminhamento o mais rápido possível”, reforça Sima Ferman.
“Os sintomas persistentes sempre merecem atenção, aqueles que continuam mesmo com as medidas médicas iniciais. Quando a criança não está bem, é importante que o pediatra a acompanhe até a resolução do caso. O câncer infantojuvenil é uma doença potencialmente curável, mas é necessário que o diagnóstico seja rápido, bem como o início do tratamento”, acrescenta.
Os principais sinais e sintomas relacionados aos tumores da infância são:
- Palidez, manchas roxas e dor na perna;
- Caroços e inchaços, especialmente indolores e sem febre ou outros sinais de infecção;
- Perda de peso inexplicada ou febre, tosse persistente ou falta de ar, e sudorese noturna;
- Alterações oculares: pupila branca (reflexo do olho do gato), estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos;
- Barriga grande;
- Dor de cabeça, náuseas, vômitos, visão turva, problemas de equilíbrio, alterações da personalidade e do comportamento, convulsões, sonolência;
- Dor em membro ou dor óssea, inchaço sem trauma ou sinais de infecção.
Publicações
No evento no INCA, serão lançados dois produtos. A publicação “Glossário Temático: Fatores de Proteção e de Risco de Câncer”, produzido pelo Ministério da Saúde em parceria com o INCA, tem como objetivo facilitar a divulgação e compreensão de termos e expressões utilizados na área de prevenção do câncer, especificamente sobre os fatores de proteção e de risco para a doença. O outro é o lançamento dos materiais de comunicação, cartaz e folder “Câncer infantil: sinais e sintomas”, relacionando sintomas que podem estar associados aos cânceres que afetam mais frequentemente as crianças. Os novos produtos estão disponíveis para acesso no Portal INCA, em www.inca.gov.br. Na campanha, também estão previstas divulgações de informações nas redes sociais do Ministério da Saúde (facebook e Blog da Saúde).
A publicação com o panorama nacional completo sobre o câncer infantojuvenil no Brasil será lançada pelo INCA em 2017 e trará a inclusão inédita das informações sobre morbidade hospitalar, bem como da faixa etária de 20 a 29 anos (adultos jovens). A publicação “Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade” tem como base de dados as informações sobre incidência (coletadas por 25 Registros de Câncer de Base Populacional-RCBP), mortalidade (registradas no Sistema de Informação sobre Mortalidade-SIM/Ministério da Saúde), e de morbidade hospitalar (provenientes dos Registros Hospitalares de Câncer-RHC).
Conhecer o perfil do câncer na população dessa faixa etária no Brasil é relevante para motivar ações para o controle da doença e auxiliar no planejamento de serviços, já que evidencia a realidade. Informações sobre o tempo decorrido entre consulta, diagnóstico e início do tratamento são fundamentais para subsidiar estratégias e otimizar os processos de diagnóstico e tratamento, questões que impactam diretamente nas chances de cura do paciente.
Fonte: Assessoria de Imprensa do INCA
Nenhum comentário:
Postar um comentário