Alvos frequentes de criminosos durante a madrugada, farmácias de São Paulo cortaram o atendimento 24h. Conforme apurou o Bom Dia Brasil, via Lei de Acesso à Informação, o número de roubos e de tentativas de roubo a drogarias subiu 13% na capital na comparação entre janeiro e setembro de 2017 e o mesmo período do ano passado.
Há relato de farmácia que já foi assaltada nove vezes. Um dos funcionários do estabelecimento até reconheceu o bandido. Como os donos das lojas não conseguem garantir a segurança, passaram a limitar o horário de funcionamento. Resultado: ruim para quem precisa de um medicamento de madrugada e prejuízo para os próprios comerciantes.
“Infelizmente, o que a gente tem feito é reduzir horário de jornada, da loja aberta. Encerramos alguns plantões noturnos, porque a gente ficava à mercê dos bandidos e não via solução. Então, a solução foi diminuir o horário de funcionamento pra que a gente conseguisse resolver o problema”, conta Daniel Caramti, dono de uma rede de farmácias.
Grande parte das drogarias conta com câmeras de segurança, mas elas não inibem a ação dos criminosos. O Bom Dia Brasil teve acesso ao vídeo de um dos assaltos a farmácias paulistanas. Vestindo capuzes, um bando entra no estabelecimento e, rapidamente, faz a limpa. Além do dinheiro do caixa, eles recolhem tudo que possa ser vendido clandestinamente depois: cosméticos, itens de perfumaria e até fraldas.
Nos nove primeiros meses de 2017, 987 casos de assaltos ou tentativas de assalto a drogarias foram registradas na capital paulista. No ano passado, haviam sido 874. O número de furtos disparou ainda mais: 47%. Enquanto ocorreram 340 casos do tipo entre janeiro e setembro de 2016, foram 501 no mesmo intervalo de meses deste ano.
O farmacêutico Ivan Locatelli Collin costumava trabalhar no período noturno e já foi vítima de três assaltos. Ele conta que chegou a apanhar e que, inclusive, reconheceu os ladrões. Foram os mesmos nas três oportunidades. “Eu falei ‘pô, de novo você aqui, meu’. Aí já veio com o revólver na cabeça”, relembra ele.
Os assaltos frequentes colocam medo não só nos funcionários dos estabelecimentos, mas também na clientela. A doceira Cláudia Lopes Martins de Souza Lima afirma que evita comprar medicamentos à noite. “Só venho de dia mesmo”, garante ela. Já para a designer Tânia Furlan, o problema é outro: encontrar uma farmácia funcionando até mais tarde: “Já cheguei a dar voltas procurando, e nada”.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo diz que investiga os casos. A Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico diz que os roubos aumentaram de forma preocupante este ano, e que a maioria das farmácias não tem condições financeiras de manter guardas de plantão.
G1
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